terça-feira, dezembro 11, 2007

De quando soube de você...

Pequeno,

Saber de você, foi algo estranho para mim e para o papai.Tantas vezes eu e ele choramos abraçados, porque ainda não tínhamos colhido a planta da vida. Mamãe chorava, papai se fechava. E assim fomos acreditando nas palavras humanas, nos médicos desesperançosos e eu cada vez mais fui ficando com medo de que ficasse mais doente.O tempo passou...
Naquela semana, dia da visitinha mensal, nada. Ué, você nunca me deixa, o que foi? Pela primeira vez, pensei será? Dois dias de atraso, resolvi comprar um exame de farmácia.Mas não contei nada pro papai. Talvez fosse só coisa da minha cabeça. Era uma quinta-feira no dia seguinte era feriado dia 02 de novembro. Mamãe foi dormir super ansiosa, porque queria que o dia chegasse rápido, para não ter dúvida, faria logo com a primeira urina da amanhã. Levnatei quietinha e papai roncava (papai adora mimi e mamãe também...(rs))!
Li as instruções e a espera, os minutos mais longos da vida da mamãe. Se aparecer uma linha não, duas linhas, sim. Olhinhos fechados, abri e sim, duas linhas rosas. Fui para o quarto e me deitei, não podia me conter de tanta alegria.Papai de olhinhos fechados, mamãe sussurrando, "estou grávida", ele deu um sorrisinho, ainda de olhos fechados. "estou grávida" e ria....Até que papai abriu os olhos e disse para de brincadeira e disse é sério. Mas eu também duvidava um pouco e esse foi o assunto do dia, enquanto limpávamos a casa. Tínhamos que ir ao hospital tirar a dúvida. Papai foi covnersar com seu orientador Moacir Amancio, conversa de tese, logo depois fomos ao Hospital no Pronto Socorro São Luis, uma multidão de gente, crianças, gente doente e eu na ansiedade. Até que Dr. Fábio nos chamou e lhe expliquei, ele já foi até fazendo as contas você nasceria em 07/07/2008 e disse que se havia dado positivo o exame de fármácia a chance era de 99%. Mamãe ia tirar um pouco de sangue e aguardar por 2h30. Ai, ai. Fomos tomar um café, começou uma chuvinha lá fora. O doutor nos chamou, que ansiedade, e nos disse "está chovenod lá fora"? A gente disse está sim. Ah, dizem que quando chove é porque será menina, não podia me conter, de tanta alegira, papai, meio sem graça, não acreditava ainda, 5 semanas, você já existia há 5 semanas, fomos comemorar, numa pizzaria muito chiques, mas papai e mamãe são meio caipiras e não gosta de muvuca de "burgês" (rs), apesar de não sermos quase nada diferente deles, aí fomos para um barzinho que tinha pizza pertinho de casa...enchemos a pança de pizza boa e fomos pra casa. Agora mamãe está de 10 semanas, sei que terei que aprender muito contigo e muita coisa irá mudar, mas sei que você meu querido ou minha querida é o maior e o melhor presente que Deus poderia me dar e você é a REvelação do Seu poder, do seu Amor, da Sua Glória!
Te espero com todo Amor!!!!!!!!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Tem dias que...

Há dias em que só precisamos de uma música pra lá de "Dor de cotovelo", pra Cantar bem alto, e quem sabe o coração cria asas e encontra um lugar mais tranqüilo, e que tal Wanderléa, Jovem Guarda!
TERNURA
Uma vez você falou

Que era meu o seu amor

E ninguém mais vai separar você de mim

E agora você vem dizendo, adeus

Que foi que fiz

Pra que você me trate assim

Todo amor que eu guardei

A você eu entreguei

Eu não mereço tanta dor, tanto sofrer

Agora você vem dizendo, adeus

Que foi que eu fiz

Pra que você me trate assim

Toda ternura que eu guardei

Ninguém no mundo vai te ofertar

E os seus cabelos só eu sei afagar

O meu pobre coração

Já não quer mais ilusão

Já não suporta mais sofrer ingratidão

Agora você vem dizendo, adeus

Que foi que eu fiz

Prá que você me trate assim

sexta-feira, novembro 30, 2007

Águas

Quando estive na Garganta do diabo, com aquela força de água batendo no meu rosto, lembrei muito dessa música, Águas do Grupo Troad e pensei, tem que se mudar o nome dessa Cachoeira para Garganta de Deus, porque esse lugar é simplesmente Maravilhoso, em Foz do Iguaçu - lado Argentino.


Hoje está batendo saudade profunda de um tempo. Os "doidos" da USP, nosso Grupo Cristão. Saudades de nossas reuniões "polêmicas" até altas horas. Do Dário e sua Shirley Carvalhares, querendo mais amor da Igreja, de nós. De nossos acampamentos e serenatas. "Moro no Butantã, se eu perder esse trem que sai agora as 11 horas, só amanhã de manhã. Mas as músicas, essas se eternizam e Andrezinho, essa era sua preferida, hoje, espero que você cante muito pra Luizinha. Eita Saudade.
Também tem no youtube -
http://www.youtube.com/watch?v=z4s2bPfDinE&feature=related


Águas - Troad

Água pura que desce do céu
Todo planeta inunda,
Encaminhando saúde a terra fecunda.

Água limpa que a vida traz,
Rios e suas nascentes,
Lagos, cascatas e mares,
Cada dia novamente.

Caminhos ocultos entre os ipês
Perobas, igarapés,
Não importa por onde elas passam
Por que onde chegam
A sede não pode permanecer.
Ao olhar-te cristalina, Te pergunto de onde vens?
Tua força me assusta, tua beleza me emudece
Teu mover me traz canções

Água pura que nasce de Deus
Do ventre do homem, transborda
Trás em suas margens a cura
E a paz que conforta.
Água viva que é Jesus
Vinda do trono de Deus
Um turbilhão de virtudes
Pra todos que são seus.

Palácios - Rebanhão


Um dos primeiros Grupos de Música Cristã que conheci, criativos, com músicas bem elaboradas que tocam o coração, essa é uma das minhas prediletas.
Palácios
Rebanhão
Composição: Indisponível

Não se acende a luz do Sol
Nos 220 voltz dos palácios de Brasília
Não se acende a luz do Sol
Com as chaves de um carro conversível do ano
Não se acende a luz do Sol
Com a ponta de um cigarro, um baseado, coisa assim
Pra que medir força com o Sol da Justiça
Pra que querer brilhar mais que a Estrela da Manhã
Pra que combater o Bem com o Mal
De que lado você está?
De que lado você está?
De que lado você quer ficar?
De que lado você quer ficar?
Onde está a honra dos orgulhosos?
A sabedoria mora com gente Humilde
Liberdade!Liberdade!
Vejam o vídeo no Youtube é o SOS VIDA DE 1992.

http://www.youtube.com/watch?v=hsS-57SWp1Q

segunda-feira, novembro 19, 2007

Balada Literária

Desde o feriado de quinze de novembro aqui em São Paulo está rolando a Balada Literária, confesso que não gostei muito do nome, eu acho que não combina muito balada com literatura, mas acho que tentaram recuperar a época boêmia de São Paulo, em que os escritores se reuniam pelos botecos em São Paulo.
A Balada me lembrou bastante FLIP - Festa Literária de Paraty, talvez porque as carinhas participantes sejam muito parecidas com a de lá.
Bom, mas o que queria mesmo era ver os "imortais" da Literatura. Fiz letras e há os "monstros" de nossa área e eles estariam reunidos, numa só mesa no domingo.
Não queria perder,pois na faculdade, infelizmente só pude ouví-los através de textos e na fala de outros professores, já estão com certa idade mas a elegância e lucidez surpreende.
A mesa completa era: Manuel da Costa Pinto da Revista Cult - (intermediador do debate), David Arrrigucci, Antonio Candido e Boris Schnaiderman.
A Livraria estava repleta, entrei e me sentei do ladinho de Antonio Candido, no chão, ouvir suas falas, que é mais uma contação de causos é simplesmente delicioso. Uma de suas falas foi sobre a pessoa do Crítico Literário que no início se restringia aos jornais e não às Faculdades, o que hoje é ao contrário. E como crítico, um dia ele recebe um livro que se chama "Perto do coração Selvagem" de uma jovem que se chama Clarice Lispector, sem nada saber sobre essa jovem, é preciso fazer uma resenha de 6 páginas, para publicação.
A homenagem foi ao professor João Alexandre Barbosa, figura essa, que não conheci pessoalmente, mas pela fala dos profesores, foi alguém que amou por demais a Literatura.
Algumas das histórias, que segundo Antonio Candido, nem sempre foram verdade, mas eram contadas pelo professor João Alexandre:
- Antonio Candido em um momento escreveu um artigo falando sobre a forma de escrita do nome de Gilberto Freyre, discutindo o por que que ele escrevia com y e não com i, e o professor João Alexandre, conta que ele ligou para Gilberto Freyre e disse, quem vai falar é Antonio Candido, sem acento o e também no A. Antonio Candido disse que não era verdade.
- Em um momento de brigas entre Mackenzie e USP, na Maria Antonia, os profesores, Antonio Candido, Boris e João Alexandre estavam em uma sala e de repente começou um tiroteio, todos os profesores se jogaram debaixo das mesas, menos o profesor Boris, o professor João Alexandre começou a gritar, venha, venha,O professor Boris, diz que gritou; "Não me abaixei para fascitas na Itália, aqui que não vou me abaixar.".
Enfim, foi uma tarde muito gostosa de contação de causos. Lá também estavam José Midlin, Lygia FAgundes Teles e Marcelino Freire.
Pois é meu (minha) Pequeno(a), você estava lá comigo. Quando você crescer vou te contar...e você também vai ouvir falar desses aí...

sábado, novembro 17, 2007

Cada dia

Semente minha,
Agora não estou só,
Nem você, nem eu

Posso olhar pra tudo que sou
E ver você,
Tão pequeno, tão doce, tão frágil

Bate no mesmo compasso
Que eu,
Esperas,
Enquanto eu te espero

Sonho e penso no mundo
Que irás encontrar
O mundo que meus olhos
Minhas mãos
E minha boca irá
Te mostrar,

Que meu coração,
Possa ser forte
Pra bater
Em compasso leve.
E que o cheiro suave
Seja sempre
Amor, Amor.

As mãos...

Minhas mãos deslizam
Seguram
Cada olhar seu
Meus olhos eternizam
Cada pedacinho seu

Nesse silêncio
Dos galhos me enlaçando
Posso sentir o vento
Meus cabelos, se entrelaçam
Nos seus dedos,
Nas suas mãos

Sua voz,
Tão doce, tão suave,
Minhas mãos tentam te dizer
Fica, fica.

Lágrimas

Já que essas gostas
Não me pedem licença
E simplesmente transbordam
Procuram se libertar
Das grades da dor

De onde virão?
Do coração?
Da minha cabeça?
Das lembranças?

Sei que vocês
Procuram em meu
Rosto encontrar
O QUE?
Sair da escuridão

Querem o sol
Passam, deslizam
Minhas mãos e meus lábios
Conhecem seu gosto e textura

Não quero segurá-las
Vão, vão, achem seu lugar

Enquanto eu,
Aqui, com meus olhos
Transbordando cada
Pedacinho meu
Em vocês

segunda-feira, novembro 12, 2007

Das viagens! Porto Alegre



Deu Pra ti
Baixo Astral
Vou pra Porto Alegre, tchau! (Cleyton e Cledir)
Minha viagem ao Sul foi uma das mais surpreendentes. Fui de carro, sem pressa, meio sem destino. Passei por Curitiba, que já conhecia, mas sempre se acha algo novo pra se conhecer.Florianópolis, paraíso na terra. Laguna, cidade de Anita Garibaldi, cidade pequena, praiana, essa uma surpresa, dá vontade de ficar pra sempre. Torres, cidade movimentada, cheia de gringos, Argentinos, Paraguaios, etc. Aqui, fiz questão de ir conhecer os canyons. Aqueles da abertura da novela "A casa das sete mulheres". conheci um pesoal bem legal, gaúchos tche, pude tomar muito chimarrão e que delícia, pessoal de coração aberto, todos de Porto Alegre, recebendo os paulistas. Seguir em frente, o branco escritório, já estava bem longe, agora o destino: Porto Alegre.
Bom, chegar em Porto Alegre depois de tantos dias na praia, debaixo de um calor de 40° graus que mais parecia 50°, sem lugar ainda direito pra ficar, me senti chegando à são Paulo. Meu primeiro pensamento: "Não credito, voltei pra São Paulo". Centro de Porto, gente correndo, mas claro que tem suas diferenças, um pouco mais organizado e claro, a correria não é a mesma de São Paulo.
Sou apaixonada por Erico Verissimo e poder identificar nas ruas cada pedacinho que Erico conta em sua obra, foi coisa de deslumbramento, A redação do Correio do Povo, a Livraria O Globo, o Clube Comercial, ai Erico, você com suas palavras desenha perfeitamente o mundo.
Depois de devidamente acomodados no centro, próximo ao Mercado Municipal de Porto Alegre e de sua prefeitura, fomos a um Museu que realizava uma exposição que se chamava o Sobrado, uma réplica do Sobrado de O Tempo e o Vento. Maravilhosa.
Bom, todos nos diziam, indo à Porto Alegre, não deixe de ir ver o Pôr do Sol do Rio Guaíba, 5 da tarde, vamos nós seguindo as avenidas à pé, rumo ao Rio Guaíba. Chegamos lá, alguns sentados, um lugar comum, um rio. etc. Começamos a andar pela orla do rio, lá tem pistas de cooper, seria como o nosso Ibirapuera. Vamos indo, mas pensando, cadê o que se tem de lindo aqui? ai, ai... a tarde vai caindo, e o quadro vai se pintando e como que mágico, tudo vai se silenciando, nos sentamos nas pedras e sol foi se pondo, devagarzinho, soltando no céu o fogo, indo, partindo, parecia que tudo havia parado naquele momento. Erico tinha razão o pôr do sol do Rio Guaíba é o melhor do mundo, neste dia podemos comer no restaurante em frente ao mercado as 23h. Quem sabe um dia aqui em São Paulo também poderemos.
Dia seguinte, quis ir logo para a Casa de Cultura Mário Quintana, antigo Hotel Majestic, um lugar de arquitetura maravilhosa, cada andar de uma organização primorosa, e lá está, a réplica do quarto em que morou Mário Quintana. Sua cama, seus livros, seus escritos, seus cigarros. Mário Quintana, morou ali muitos anos, graças a generosidade do jogador Falcão. Sim, hoje se fala do seu grande talento, mas infelizmente não teve dinheiro pra honrar esse talento. Temos hoje a casa de Cultura que seja uma grande homenagem. Mário Quintana foi indicado várias vezes para a Academia, mas não conseguiu chegar lá.
Há em especial um cantinho bem legal na Casa de Cultura que pra mim foi uma surpresa, um cantinho de Elis Regina, com várias peças de roupas antigas da cantora, cd's que se pode ouvir tranquilamente.
Enfim, Porto Alegre foi um encontro. Foi uma surpresa!

quinta-feira, novembro 08, 2007

De cachaças e Descolados


As vezes me acho meio louca, por que de repente, estou no ônibus, sem nadica pra fazer, nem lugar para olhar e aí quando olho para a janela vejo um senhor muito simples, num boteco, pedindo uma caninha e aí penso: por que tem gente, que olha esse senhor aí, que está terminando seu dia de trabalho, que não deve ter sido nada mole e pede um "goró", "uma branquinha", ou sei lá quantos nomes se tem pra isso, para apaziguar a alma, ou quem sabe "agradecer" por mais um dia de vida e aí logo de cara pensa: "Cachaceiro", aff, cachaça".
Mas aí logo ali, tem um boteco também, mesinhas na calçada, moçada bonita, cabelo bonito, roupitcha digamos "fashion", ou quem sabe uma moçada "intelectual", tomando uma cerveja gelada e conversando aquele papo zen-literário-cinematográfico-político-amoroso as vezes em pleno meio-dia e aí, pois é, o que se pensa, nada, ou quem sabe, muito legal, esse negócio de beber, pô...bebem todas.
Bom, confesso que tenho muitos pés atrás em relação à bebida, vivi de perto o que é se ter problemas com quem bebe e quem mais sofre é a família.
Não é fácil você ver alguém que você goste chegar em casa cambaleando, mal conseguindo abrir a porta de casa e ainda por cima discutindo e brigando, é porque beber demais te tira do sério sim.
Talvez aquele senhor só tome uma e vá pra casa curtir sua família numa boa e os "descolados" talvez tomem todas, mal consigam chegar em casa, sejam carregados por seus amigos e não seja considerado um alcóolotra.
Sabe de uma coisa, eu concordo com Guimarães Rosa. "Olha moço, todo mundo nesse mundo é doido, muito doido, e é preciso muita religião pra suportar".
O que quero com esse post doido, pensar, pensar, sobre os conceitos que trazemos ao longo da vida. Sobre aquilo que nossos olhos podem enxergar e que nossa cabecinha cria teorias mais maluquetes do mundo. É bom pensar e a gente endoidece mais.

quinta-feira, novembro 01, 2007

El pasado

Acabei de assitir este filme. Um pouco perturbador. Achei Babenco tão Almodovar. O filme é surealista, porque não quero acreditar que as mulheres sejam tão neuróticas como no filme (rs). Não sei, quem não gosta que se conte o filme, não prossiga. Preciso escrever, oque entendi de tudo é que não há como fugir do passado, sim, prosseguir, mas deixar o passado como se ele nunca tivesse existido será que é possível? A cena final, fechou tudo, leva-se sim..., saí do cinema intrigada, caramba, eu não quero me tornar fantasma assim, não, não..., daí meio como que legenda ou situação esclarecedora ou mais "botadora de fogo", encontro um rapaz conhecido de faculdade, fazia um tempão que não o via, ele "Olá, como vai?" eu, automaticamente vi uma figura,feito fantasma do lado dele, a moça que namorou com ele um tempão, ia perguntar: "Cadê, fulana", mas algo me dizia, calma, calma, ahan, sexto-sentido feminino, logo atrás uma bela moça, se achegou, e ele essa é minha namorada.
Não perguntei, não, não, mas a imagem ainda era da outra moça, sim, sim el pasado, feito fantasma, há de acompanhar por um bom tempo.

Stabat Mater


Rossini Hits acabou, pelo menos as apresentações previstas, talvez hajam mais, nossas roupas e adereços ficaram por lá para serem lavados e costurados. Foi uma experiência gostosa, cheia de gente nova e como sempre o pessoal do Canto em Cena, deu a voz, deu seu tempo, seu corpo. Afinal 2 meses para ensaio de música operística, para quem está acostumado a cantar música popular não é fácil. Mas chegamos lá. Levei umas broncas, porque realmente algumas vezes meu pensamento voou, e como é ruim levar puxada de orelha, dá uma vergonha e parece que fica um fantasminha do seu lado, dizendo, cuidado aqui, cuidado lá, estão te olhando. Confesso tenho que saber lidar com isso.
Stabat Mater a última música que cantávamos valia por todas as outras, para mim a mais bela e tocante do espetáculo. Ah, esqueci de contar, minha mãe pela primeira vez foi me assistir, perninha balançando, porque afinal para quem está acostumada a dormir às 9h da noite ter que ficar quase 2 horas sentada, ouvindo uma música que não se entende, num tipo de voz digamos "diferente" e ainda por cima ter que ouvir essa "gataiada", termo para o dueto de gatas de Rossini. Coitada, um sacrifício pela filha. Assim como uma outra moça do grupo que disse que o pai olhou 3 vezes para o relógio em Stabat Mater, se o pai, faz isso, imagina as outras pessoas, enfim muitos anos de terapia para se colocar essas coisas no lugar.(rs).
Agora, recomeçaremos outra maratona da ópera ao rock, já temos apresentação marcada, Agora ROCK IN VOICE, Queen, Beatles e tantos outros à Capella.
Me parece que será uma experiência gostosa e interessante, rock sem guitarra e elétricos acho que dá caldo...(rs).
A foto sou eu, perdida entre "papéis", na verdade meus lencinhos de chorona.(rs). Por que chorona? Não foi ver? Então perdeu....

segunda-feira, outubro 22, 2007

ROSSINI HITS


O grande dia está chegando, uma Ópera que chiques!
Muito trabalho, muito stresss, muito cansaço, mas uma satisfação imensa, de estar cantando com amigos, de ter a oportunidade de aprender muita coisa, de ter que desenvolver mais a voz, conhecer gente nova.
Então, agora só falta os Amigos por lá, para verem o resultado e experimentarem um pedacinho do coração e carinho de cada um dos participantes, principalmente dos alunos como eu!!!
O espetáculo Rossini Hits. Trata-se de
uma homenagem ao maior compositor de óperas bufas (cômicas),
Gioachino Antonio Rossini. Esta apresentação terá alguns personagens
como Figaro (Barbeiro de Sevilha); Cinderela (da ópera homônima);
Mustafá (A Italiana em Argel); Parmenione (A ocasião faz o ladrão),
Fiorilla (o Turco na Itália), entre outros e será interpretada por
artistas amadores (alunos do Centro Experimental de Música) e profissionais.
Texto e direção geral: Alvise Camozzi.
Direção Musical: Thiago Cury.(75min).
Teatro Sesc Anchieta - SESC CONSOLAÇÃO (320 lugares). Rua Doutor Vila Nova, 245, Consolação, 3234-3000. Quinta (25) a sábado (27), 21h; domingo (28), 19h. Grátis. Ingressos distribuídos uma hora antes.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Esperança


Hoje eu trago poesia, abro minha bolsa, sangro meu coração e então vejo palavras.
O sol entre as nuvens cinzas e pesadas luta querendo brilhar.
Talvez ao final da tarde...Esperança.
Esperança

Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Mãe é tudo!

Ontem eu cantei, mas tenho noção que não foi das minhas melhores "performances" (Rs). Tremia, minha voz tremia, tava morrendo de vergonha.E claro a insatisfação ao final foi terrível.Nem dormi direito. A ressaca pós apresentação está demais.Hoje canto de novo, quero que seja melhor. Aí claro, mãe é para essas coisas, pra gente chorar. Minha mãe não é muito fã de cantoria não. Até hoje ela é meio reticente quanto a isso, até entendo, sendo prática do jeito que ela é, o "trem" tem que se mover, vozinha, essas coisas é só pra passar o tempo, tanto que outro dia comentei com ela que o médico havia me recomendado que fizesse exercícios aeróbicos e ela já lascou, "então, larga esse negócio de canto e vai dançar". Mas eu gosto de cantar, será que não dá para fazer as duas coisas? Pois é. Mas mãe é tudo não é? Hoje chorava as pitangas de que não tinha cantado muito bem e ela me disse: "Hoje vai ser melhor, o que você tem que fazer é deixar sair primeiro do coração".
Não sei se ela tem consciência, mas acho que ela está começando a entender porque gosto de cantar, e pensei, realmente, antes de tudo tem que sair do meu coração.
Mãe você é tudo pra mim, mesmo braba, eu te amo!

quarta-feira, outubro 03, 2007

Tudo sempre igual...será?

"Todo o dia ela faz tudo sempre igual, me sacode as 6 horas da manhã".
Quem não tem a sensação de fazer tudo igual, o relógio que toca no mesmo horário e a gente que faz aqueles minutinhos que vão nos custar tão caro, afinal "time is money", levantar descabelada ( eu levanto...), só não as atrizes da globo sempre chiquérrimas e belas e já maquiladas ou maquiadas (rs). Prefiro ser descabelada e com aquele andar preguiçoso, que ao abrir a porta do guarda-roupa para escolher a roupa do dia recebe uma "enxurrada" de roupas, me afogo nelas e então, vou colocar essa, passada rápida de ferro que as vezes pode causar cicatrizes, pois é, a doida aqui já passou roupa no próprio corpo.
Algumas bolachas ou uma fatia de pão, correria e mais um dia.
E penso, tudo igual? Nem sempre, pois, os olhos, podem ver, os ouvidos, ouvir, a boca, dizer, as mãos pra fazer, para acalentar, pra receber, os braços abraçar, os pés para caminhar.
Os caminhos nem sempre são os mesmos, apesar de passarmos pelas mesmas ruas. O pensamento sempre voa.
Viver é assim um igual cheio de surpresas.Assim vejo.

terça-feira, outubro 02, 2007

Kalanchoe


Flores, portas, portões, que trazem a primavera!
Primavera, qu efloresce no coração e transporta pra bem longe!Longe, longe...
Parada no caixa do supermercado, numa noite fria, seguro 2 potes de yogourte, bolachas para comer no Metrô, é bom para passar o tempo e a fila não anda.
Meu sbraços doem e quero minha cama. E olho para a máquina registradora e lá está um vasinho, pequeno, e a florzinha, colorindo, no meio de tanta "poluição" visual. É pequena, mas consegue ser grande a mim, meus olhos saltam, meu coração pula.
E ela lá amarela, Kalanchoe, é uma planta de origem africana, dizem que é o símbolo da fortuna e da felicidade.
Passo minhas compras, coloco nas sacolas e sigo para o Metrô. E ela fica lá, alguém sim há de levá-la. Senão para casa, pelo menos na memória!

quinta-feira, setembro 27, 2007

Música - Seriedade e diversão


Quando vamos a um concerto ou a show, muitas vezes somos como que arrebatados. Mas esse resultado final de beleza é sempre resultado de muito trabalho, dedicação e algumas vezes um pouco de stress.
Fiquei pensando nisso quando ouvi a Orquestra contratada para tocar no espetáculo Rossini Hits que estreará no final de outubro.
Chegamos e eles já estavam posicionados e havia uma leve bruma pesada no ar, uma conversa sobre ensaios, compromissos etc. Pensei profissionalismo demais não, música não combina com stress. Aqui ponto e pensamento.
E aí eles começam a tocar. Boquiabertos, nós, meros alunos, como crianças engatinhando, nem sabemos o que fazer, tamanha a beleza da música que eles tocam. Meu amigo, que é o primeiro a cantar, não consegue entrar com a voz de primeira, ao final do ensaio ele está tremendo. Eu e minhas amigas estamos arrepiadas, sentimos que estamos no céu.
E penso, não é possível beleza na música, sem muito trabalho e quem sabe um pouco de stress, porque cada um quer dar o melhor de si.
sim, se divertir e sentir a música é essencial, mas sem o trabalho o objetivo de transportar para esse local de gozo é algo quse que impossível.
Uma boa dose de diversão e stress saudável, para contrabalancear.
Acho que o espetáculo vai ser bem legal, pelo menos os ensaios já estam valendo por demais!

quarta-feira, setembro 26, 2007

De Marias e ainda Santana do Jacaré


Nessa última viagem à Minas Gerais, fui visitar a Vila Vicentina, para quem não conhece, o trabalho dos vicentinos, chamada-se Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização de pessoas que são chamados de confrades. Cada região essa sociedade atua de um modo, ajudando os pobres, e lá em Santana do Jacaré, há essa vilinha em que moram idosos e pessoas que não têm como se locomover. Na verdade é um lugar que te dá um nó na garganta e um aperto no coração. Todos vamos envelher, claro se a morte não vier chamar antes, mas aqueles olhos, que se alegram por receber uma visita, um olá, te faz perguntar, e essas crises que a gente tem "sr ou não ser eis a questão". Logo conheço uma senhorinha, magrinha, cabelos lisos totalmente branquinhos, acabou de fazer 100 anos, sentadinha, arrumada com um vestido azul, eu a beijo, pego a sua mão tão pequena e ela beija tanto minha mão, minha mão branquinha naquela negra, que simplesmente ama, seu nome Maria Nazorá, minha mãe diz que ela é nossa parenta distante. Começamos a visitar outros quartos, uma senhora jovem até, com seu quarto impecavelmente arrumado, sofreu um acidente em que caiu de uma escada e não mais pode andar, minha mãe disse que ela em outra visita estava muito revoltada, pois sua família a deixou lá, "ela antes dizia, eu não posso ficar aqui, eu tenho família".Agora parece resignada. Família, família.
Vou a outros lugares e conheço outa senhora, pergunto-lhe o nome me diz "Olivia", e eu digo que Lindo! Me lembro da Olívia de "Olhai os Lírios do Campo", ela fica feliz com o elogio, entro em outro quarto e vejo a Lourdes, essa personagem é da minha infância, minha mãe me contou que ela saiu andando da Bahia e parou em Santana do Jacaré, se tornou cozinheira da Vila, agora está aposentada e mora lá na Vila, sua cama, repleta de bonecas, como se fossem seus filhinhos, sentadinhas e cobertas. Quando eu falo que ela era a cozinheira, outra senhora, que traz agora o peso dos anos nos pés e no corpo, sentadinha sorri e é Maria também, me diz eu lavava toda a roupa, a Lourdes cozinhava e eu lavava. D. Olívia, quer atenção, diz que onde nós formos ela vai também, me diz que tem um bisneto, uma gracinha, minha mãe brinca e diz "vai pajear ele", ela fala, "eu não guento não".
Vamos embora, eles ficam, e penso, penso tanto, envelhecer, envelhecer...

quinta-feira, setembro 20, 2007

Pra quem não acredita - Santana do Jacaré - Minas Gerais

Pesquisando na Internet, no mais conhecidos sites de buscas,será que você sabe qual é? (rs). Descobri este texto, que achei muito bacana, pois são os olhos de uma pessoa que também não acreditava na existência dessa cidade e lá esteve e comprovou. Ele dá uma pincelada do que é Santana do Jacaré e é uma pincelada boa!Pedi permissão para mostrar seu texto e ele muito solícito aprovou, descobri inclusive que ele tem 2 livros publicados, um acho que virtual que pode-se baixar pela internet. Bom pra quem ainda não acredita, Santana Ah, Santana existe.
E ela foi Corredeira mesmo, realmente chegou a se chamar Corredeira, quando distrito da cidade de Campo Belo e eu que achava que muitos a chamavam assim pela velocidade que correm as notícia spor lá...(rs)!!!
Obrigada, Luis pela crônica.
O blog dele :
http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/


CIGARRAS PIIIIIIIII EM SANTANA DO JACARÉ

2003-11-18 - 11:35:50

Indo pela Fernão Dias, sentido Belo Horizonte, depois da saída 666 para Perdões (sim, existe uma saída 666 e é para a cidade de Perdões!), está a ÚNICA placa indicando o retorno (Mantenha-se à esquerda) para a cidade de SANTANA DO JACARÉ. É para lá que fui na sexta pela manhã, à passeio, com o amigo Pimenta.

A viagem tinha 3 finalidades. A primeira era a inauguração da quadra de tênis da chácara da família Pimenta Freire. Como exímio jogador desse nobre esporte e amigo da família não podia me furtar em comparecer para demonstrar meus dotes. A segunda era descanso e recuperação do TRAUMA da minha separação. A terceira era matar a curiosidade: que catzo é SANTANA DO JACARÉ? Existe messss?

Existe! Fica logo depois de São Sebastião das Estrelas. Antigamente São Sebastião era conhecida por ONÇA. Acredite! Aí apareceu um padre por lá e achou muito feio ONÇA. Feito um brainstorm com as filhas-de-Maria do povoado chegou-se ao consenso do BICHAL nome de São Sebastião das Estrelas. E os homens que lá residem têm vergonha de dizer que são de lá e tascam: sou do ONÇA. Folk-lore bruto!

Então depois de 42 quilômetros de estradas capilares (como em Viagem Insólita), nos embrenhando pelo o que o Pimenta chama a sério de "O CERNE DO ESTADO DE MINAS", chegamos a Santana. O nome original era Santa Ana do Rio Jacaré. Mas mineiro gosta de abreviar. O Pimenta nasceu lá e achava que o UNIVERSO era aquela meia dúzia de casas até lá pelos 12 anos quando chegou na cidade a primeira TV. Muita gente ainda acha.

Era meio dia quando adentramos a cidade e meio dia e um quando saímos dela. Poucas casas, a igreja, nenhum carro pelas ruas. O ar puro, aquele calor mineiro. Uma placa avisava: "vendem-se mudas de café". E eu, mente fértil, já imaginei uma série de mudas de café na beira da estrada mostrando as pernas,"se vendendo". Minas é um estado lisérgico, man!

O fato é que a dona Nega e o seu Paulinho, pais do Pimenta, lá estavam nos esperando com um rango abusivo de bão. Cumprimentos e barulhos de talheres depois, vamos à siesta. Dormir na rede. Era apenas o preparativo para o que viria a seguir: uma noite estrelada, uma quadra de tênis iluminada no meio da mata, cervas, petiscos mil e doces que são puros preparos para um diabetes poderoso. A felicidade de qualquer ser humano minimamente racional.

Foi assim. Chegaram os parentes do Pimenta e os causos foram sendo contados e as piadas e aquele jeito estranhíssimos que os mineiros falam. Qualquer rapper metido a incompreensível ficaria de boca aberta com a mímese, a rapidez e a naturalidade com as quais os mineiros, por exemplo, se cumprimentam pela manhã: "Ôôôôôôôôp", no que o outro responde seco: "Ôp". "Bão?". "Neeeeeeeeeemmmmmmmm!". Monossilábica e onomatopaica comunicação total!

Mas o melhor estava por vir. No sábado o pai do Pimenta, se recuperando de um derrame, empunhou com um só braço um trombone e acompanhado do caçula Paulo, tocou as mais belas pérolas do concioneiro local, começando por "Cuitelinho". Ô músca bunita, sô! Eu empunhei a câmera e registrei o momento para a eternidade.

À noite estivemos no Samuca, bar de Campo Belo, onde comemos uma farta porção de provolone frito e bebemos várias cevas. A conta deu 20 reais. Nesse momento estávamos acompanhados de um ser de pouca credibilidade local, mas muito "conhecimento" - que é quando a pessoa é super-conhecida. Trata-se de Maurício Resende Souza, a.k.a. BISCATE, um ser quase ininteligível. Incapaz de pronunciar Bia, ele me chamou até quase as raias da loucura, durante toda a noite, por BILL. E ficou Bill - pois o que é mais uma alcunha para um SER DESPERSONALIZADO!

Nossa noite se alongou até um local chamado Farroupilha mas não conseguimos ficar muito tempo devido ao azedume da mistura do cheiro de cana com suor. Meus olhos arderam.

O dia seguinte foi de mais comes e bebes e pudemos saborear o primoroso feijão à Paulito Pimenta Freire - com banha, pedações de porco e pimentões. O resultado foi uma evacuação eficaz no final do dia.

Nos dirigimos depois para a Pousada Santa Felicidade que é do Juca, tio do Pimenta. Uau! Local fartamente ilustrado por várias garotas novas e morenas e in-te-res-sa-dís-si-mas em um jovem e recém-separado jornalista. Pobre, é vero, mas isso ninguém precisava saber. Fiquei ali dando sopa e desfilando meu belo corpo enquanto o Pimenta conversava com familiares que - impressionante - são apenas QUASE TODOS os habitantes do reduzido feudo.

Conheci a Patrícia lá, gerente da Pousada, e iniciamos uma conversa para levar o pessoal do TQ para um evento, uma palestra sobre jornalismo ou algo assim. A Pousada é legal e vive promovendo eventos culturais. Pode rolar.

Seguimos depois para o aniversário da garotinha Carol com a Pepper Family. A afilhada da Tia Lêda vou dizer... me alumiou as vistas já embaçadas pelo excesso etílico. Incansável, noite de domingo, estivemos no maior point local, um estratégico boteco de esquina onde se visualiza nitidamente o foot dos nativos. Pude reparar como a família do Pimenta é considerada por lá: todo mundo que passava vinha cumprimentar. Ôp!

Dormimos antes do Fantástico e saímos cedo na segunda. O mundo real nos aguardava. Nunca achei que conheceria uma cidade como Santana do Jacaré. Agora espero poder voltar o quanto antes para lá.

por luiz BIAJONI

sexta-feira, setembro 14, 2007

Navegando no mar




Há coisas que escrevemos, colocamos na gaveta e aí um dia escavamos e encontramos sentimento e as vezes até estranhamento, "eu escrevi isso?" Nossa! Aí vai:
Fiquei na margem
Procurando
Sentei na areia
Desenhei seu nome
O vento me enlaçou
Quis me levar
Meus dedos fincaram-se
Pedi para ficar e te esperar


A maré subiu, quis apagar seu nome
Não deixei
Como fusão, trouxe cada grão para o meu corpo
Deitei a espera da noite
Vieram as estrelas
Quem sabe em uma delas
Você viria

O cansaço me trouxe sono
Estava sozinha?
No meio da escuridão
Você velava meu sono
E em meus sonhos te dizia
"Sabia que você viria".

quarta-feira, setembro 12, 2007

Minas Gerais


Montanhas que me levam...
Meus pensamentos, meu coração, minha infância.
É entrar no ônibus para desencadear emoções que vão lá longe.
As mesmas paradas de ônibus, chegar na rodoviária e ter logo que ir lá pra aquela cidade que todo mundo estranha, você diz o nome Santana do Jacaré e todo mundo fala: O que? Isso não existe não, "Existe sim". Santana corredeira...(Rs). Chegar na casinha da minha avó que sempre ficava esperando a gente, ela não está mais lá, mas é como se ela tivesse saido pra viajar, seus santos na parede, minha foto da quarta-série do Grupo Escolar João alves Duca, desbotando no mesmo lugar. A casinha lá de fora minha mãe derrubou,porque já estava caindo aos pedaços, também minha vó corajosa, foi juntando sobras de materais, pegou todos os meus primos, que ela ia de casa em casa e os acordava às 7h da manhã de domingo,eles numa ressaca danada, pois tomavam todas as pingas no sábado e chegavam de madrugada. Assim surgiu a casinha, baixinha, com um fogão à lenha, madeira, uma vez um gambá fez sua casinha dentro do forno do fogão, ai que medo.
Minha mãe construiu uma lavanderia no mesmo lugar, um quartinho e um banheiro. Tudo novinho, lindo, mas eu olhava e via a casinha velha, sentava na escada da cozinha e a casinha ainda estava lá. Olhava o céu, estrelado e tantas noites silenciosas do passado me vieram, tantas lágrimas, que hoje já não doem tanto. Tudo envelheceu, as pessoas envelheceram, meus vizinhos se partindo. "É mundo velho sem porteira", bem diz Erico Verissimo através de Liroca.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Futuros amantes- Chico Buarque e o contexto


Hoje o dia começou um pouco mais cedo, já estou no trabalho às 8h30 da manhã, milagre? Milagre!!! Feriadão, UEBA!!! Tô acordando meu dia e não pode faltar Chico Buarque, gente o que tinha no coração e na alma dele quando fez algumas músicas. Não é a toa que as mulheres enlouquecem com ele. Me lembro quando fui à FLIP em Paraty, a cidade tava lotada, gente pra todo lado, eu só vi pelo telão, a mulherada lá na praça dizendo "ai, esse homem embaixo dos meus lençóis". Uma amiga uma vez me disse que não tem homem desinteressante, depende do contexto, eita Chico excede todo contexto!!!Olha essa música...

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos


Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização


Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

quarta-feira, setembro 05, 2007

Agradecer

Pouco agradeço, muito peço.
Minhas orações muitas vezes são chorosas, cheia de pedidos, muitas, muitas vezes é assim. Me dá, me faz isso,
Agradecer, quase nunca.
Mas de repente me passa pela cabeça: meus pés tortinhos, que caminham, minhas pernas branquelas que podem correr, meus braços e mãos desproporcionais que abraçam e podem sentir o abraço. Meus peitos caídos, mas que um bom soutien pode disfarçar. Minha pele cheia de pintas e cicatrizes mas sem feridas graves, incuráveis. Meus olhos que têm um olhar pro céu outro pro inferno, como diz Patativa do Assaré, (vesgos, estrábicos), mas que enxergam. Uma boca cheinha de dentes, muitos com restaurações. Ouvidos que podem escutar belas melodias. Cabelos finos, finos, tudo está aqui. Tenho o sol, tenho a chuva. Tenho a Deus, que me acompanha, que está comigo. Então Deus, sei que me entedes, a fraqueza, o sempre querer mais, mas que tudo que tenho possa ser instrumento como criação sua. Então, obrigada, obrigada, porque sou Cris, Cristiane.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Titia





Minha família por parte de mãe é feita de mulheres. Na verdade não sei de nenhuma figura masculina forte.
Vou contar de uma figura que mesmo não a tendo conhecido marcou minha infância e é guardada no meu coração pra contar pra quem quiser ouvir ou me ler.
Titia seu nome de nascimento; Maria José, só há algum tempo minha mãe me disse seu nome. Para todos, simplesmente titia.
Sim, talvez até porque não tenha se casado, ficou para titia.
Mas não uma titia recalcada que guarda mágoas por ser só, ou estar só. Na verdade pelo o que minha mãe conta, nunca, nunca esteve só. Amou àqueles que estavam a seu redor até sua morte, prometendo inclusive, amar após a morte, explico mais adiante.
Era uma figura miudinha, magrinha, que era possível de ser carregada pela criançada na “cacunda”, para atravessar o córrego. A criançada lá na roça na sua algazarra a pegava nas costas para atravessar o riacho e lá ia ela gritando de medo.
Morava com sua irmã a forte Ana.
Uma de suas tarefas era acompanhar minha avó, filha de Ana nos bailes. Titia nem sempre estava com vontade de ir, minha avó geniosa que só, uma vez jogou uma espiga de milho na sua testa e o sangue escorreu, mas calou-se, mágoa, não existia no vocabulário dela.
Devota que era, todas as tardes colocava seu banquinho no terreiro, o sol se pondo, montanhas de Minas Gerais, seu rosário nas mãos. Ah, titia, quantas preces!
Quando estava adoentada, olhava para minha mãe e dizia “ô minha filha o que vai ser de você e sua mãe, depois que eu me for”. Minha mãe, chorosa, já que titia várias vezes a defendeu das surras da tia em que minha mãe morava para poder estudar, lhe dizia “titia, você vem me buscar”. Ela prometia, “venho minha filha”. Ah, titia, só seu coração puro para prometer isso.
Seu sangue, foi, foi, e como passarinho voou para o céu.
Seu caixão branquinho, roupa branca, manto azul, como o da Virgem Maria. À noite, minha mãe com medo lhe pediu, titia, não vem me buscar não.
Contou-me também que uma noite depois de ter apanhado muito e dormido chorando, sonhou com titia e seu manto azul e ela lhe dizia que ela iria tirar ela de lá. No outro dia, minha mãe saía de lá para trabalhar como empregada em outra casa. Surras não mais. Ê titia, amor assim até depois da morte.
Por essas histórias, eu menina de uns oito anos, sempre que ia com minha avó ao cemitério em Minas visitar o túmulo de D. Ana, eu sempre perguntava para minha avó onde estava a titia, ela dizia, que na época não tiveram dinheiro para comprar um túmulo, em que tivesse registrado seu nome, então foi enterrada na terra, direto, mas eu não me contentava, queria deixar minha flor para ela e minha vó entrava na minha “criancice” e me mostrava mais ou menos onde era e então eu lá deixava minha flor.Mas bem sabia onde estava e está ela, no céu, no meu coração!

Asas do Desejo - Tão Longe, tão perto


Para que eu sempre me Lembre, até quando os meus cabelos estiverem brancos e a memória coma todos os momentos da vida! Ficam vocês, filmes, músicas e palavras...e assim me tornarei eterna, minha história estará escrita.Se foi...,voou...

Beatriz

Edu Lobo - Chico Buarque
1982

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

terça-feira, agosto 28, 2007

O olhar...


As vezes nossos olhos enxergam através de outros olhos, isso acontecia geralmente quando me apaixonava.
Me apaixono e logo quero sugar tudo que a outra pessoa gosta. Música, livros, comida preferida, filmes e de repente até mesmo a preguiça.
Mas não tem coisa melhor do que ver através dos nossos olhos, a descoberta é feito luz que se traz para dentro da gente.
É engraçado que uma descoberta que me marcou muito e adveio de uma grande dor que sentia e que queria me afastar dela, foi Erico Verissimo, inclusive ele é o culpado do nascimento desse blog. Se tiverem paciência, verão que meu primeiro post fala dele. Descobrir Erico foi como nadar em águas cristalinas, calmas, fui me apaixonando por cada personagem e principalmente Rodrigo Cambará e não é o Capitão, eu ia entrando na história, esquecendo de mim e as vezes vendo meus próprios medos e paixões.
Terminei de ler Clarice hoje, arrebatamento total, além de muitas, muitas lágrimas, de nascimento, de dor, dói demais, quando as palavras vêem cortando a carne e contrasta com aquilo que o escritor diz e aí você percebe que é cópia.
Últimas palavras do livro, que não termina, começa-se com uma vírgula,e termina com : (dois pontos).
Entre as palavras dela descobri Chagall e aí, que descoberta, não sou de ter olhos para a arte, seja escultura, pintura, mas quando veio as imagens de Chagall, meus olhos disseram é esse, sim sua nova paixão, sua nova descoberta, seu novo prazer.
Chagall e esse olhar?!
Se vai, aqui fica!!!

Van Gogh - duas figuras no bosque - 1890


Naquele dia chovia muito,
A cidade, sempre seca, se inundava de tanta água
A árvore firme,
Minhas mãos tocaram a árvore, mas seus galhos não me tocaram o rosto
Não havia vento.
Já fazia sol, tantos dias,
O tronco da árvore firme, mas agora seus galhos me tocaram o rosto,
Inesperadamente, pedi à árvore que me abraçasse.
Soprava um vento
Primavera chegando,
Passarinho indo voar.
Meus olhos tristes
Existe tristeza feliz?
É isso a tal de saudade?
Pedaço de mim, que vai

“Eu tenho o destino da madeira, que canta quando queima na fogueira”

quinta-feira, agosto 23, 2007

Das vontades e do estranhamento e dos pensamentos




Lembrei de uma história de infância.
Minha mãe me contou que quando era pequena, tive uma febre alta. Me deu remédio e nada da danada passar.
Mamãe preocupada, comentou com a vizinha e esta lhe disse, "Acho que ela está aguada"( procurei no dicionário e olha o significado dessa palavra: "desejar intensamente, ficar com água na boca, ter salivação, por desejo de certa comida, ou simplesmente de comida). Ela viu uma menininha comendo mexerica,acho que foi isso. Minha mãe imediatamente foi à quitanda, sabe a minha quitandinha querida (rs), comprou a mexerica e não podia faltar um detalhe, pediu à menina que vi comendo me dar a mexerica. A febre passou.
Sobre estranhamento, voltava do almoço, meus almoços andam surreais, atravessava a rua, hoje vim de preto, com meias pretas de estampas de rosas, eu acho que é discreta e um "senhor de meia idade", olhou pra elas e fez uma cara, parecia reprovação...Ai meu Deus, nessa hora queria ler pensamento, geralmente os homens não mostram no rosto o que pensam, mas esse não disfarçou nadinha. Deixa pra lá!!! Bom pra dar risada!!!

Ainda Bethania



O encantamento nos faz assim, repetitivos!!(rs)
Mas essa música, não preciso dizer mais nada e sim ouví-la e todas as outras que tem no CD- PIRATA, pura sensibilidade e amor.

Eu que não sei quase nada do mar Ana Carolina e Jorge Vercilo
CD: Maria Bethânia - Pirata

Garimpeira da beleza
Te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meios seios, mar partindo ao meio
Não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim

Clara, noite rara, nos levando além
da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos
na escuridão

Me agarrei nos seus cabelos
Sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas
Como faz o mar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio
Não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim

quarta-feira, agosto 22, 2007

O tempo, duas cantoras, duas músicas, doisCD's



Hoje não tenho muitas palavras, tenho duas cantoras, tenho dois CD's.
Descobri Madeleine Peyroux - cantora americana, jazz de altíssima qualidade. haverá show dela aqui em São Paulo no Via Funchal no dia 18 de setembro, pena, carinho que só, pelo menos pra uma pobre mortal como eu, mas que dá vontade de fazer uma loucura e me lançar pro mundo dos deuses, ah dá...(rs)!O CD é Careless Love.

Don't Wait Too Long

You can cry a million tears
You can wait a million years
If you think that time will change your ways
Don't wait too long

When your morning turns to night
Who'll be loving you by candlelight
If you think that time will change your ways
Don't wait too long

Maybe I got a lot to learn
Time can slip away
Sometimes you got to lose it all
Before you find your way

Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long

It may rain, it may shine
Love will age like fine red wine
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long

Maybe you and I got a lot to learn
Don't waist another day
Maybe you got to lose it all
Before you find your way

Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long
Don't wait
Hmm... Don't wait


Maria Bethania, conhecia algumas músicas mais populares mas ainda não havia ouvido com calma, com coração. Este CD é muito lindo!Cha-se Pirata
Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, que seria de mim sem eles! Música apresentada por eles então!
As letras das músicas que falam do tempo. Não preciso dizer mais nada. A música fala por mim!


Maria Bethânia - O Tempo E O Rio
Edu Lobo/capinam
O tempo é como o rio
onde banhei o cabelo
da minha amada
água limpa
que não volta
como não volta aquela antiga madrugada

Meu amor, passaram as flôres
e o brilho das estrelas passou
no fundo de teus olhos
cheios de sombra, meu amor

Mas o tempo é como um rio
que caminha para o mar
passa, como passa o passarinho
passa o vento e o desespero
passa como passa a agonia
passa a noite, passa o dia
mesmo o dia derradeiro
ah, todo o tempo há de passar
como passa a mão e o rio
que lavaram teu cabelo

Meu amor não tenhas mêdo
me dê a mnao e o coração, me dê
quem vive, luta partindo
para um tempo de alegria
que a dor de nosso tempo
é o caminho
para a manhã que em seus olhos se anuncia
apesar de tanta sombra, apesar de tanto medo
apesar de tanta sombra, apesar de tanto medo

segunda-feira, agosto 20, 2007

Apesar de




Estou tentando ler essas palavras e escrevê-las em mim, apesar de...
Tinha feito alguns planos de novos caminhos, novo caminho,acreditava cimentar novo chão.
No entanto os 5 minutos que rebobinou a fita do filme, como se de repente, o espelho se rachasse sem mais nem menos.
Estou lendo Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres de Clarice Lispector .Lóri tenta se construir, Ulisses a quer, mas só quando estiver pronta, quando ela não mais se apresentar como Lóri e sim, “meu nome é eu”.
Tentava dar o primeiro passo para o meu eu e pra onde foi esse eu?
Apesar de, diz Ulisses à Lóri. “Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.
Não quero me estancar frente a angústia que sinto, parece-me que estou caindo num buraco, sem fundo, sem possibilidade de me segurar e na verdade queria um buraco escuro e denso pra me esconder do mundo, covardia.
Quero um pouco de coragem e que as lágrimas limpem meus olhos para enxergar melhor, apesar de.
Deus meu Deus, tu que enxergas a história completa de nossas vidas, traz-me paz!

sexta-feira, agosto 17, 2007

Metrô, Leitura e algumas coisas mais...




Gosto de cantar no metrô, gosto de me maquiar as vezes no metrô e de ler também.
Maquiar e cantar as vezes causa certo estranhamento, principalmente aos paulistas certinhos, é muita contravenção! Talvez, talvez.
Ler no metrô já não causa tanto estranhamento, ainda bem.
Como disse no post anterior estou lendo Clarice Lispector Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, quem conhece Clarice sabe de sua complexidade, é pra ler, pensar. Me perguntaram o que estava achando do livro, respondi: Clarice é clarice...(rs).
Tenho descoberto, que a leitura depende do momento que vivemos, as palavras que nossa alma precisa saltam aos olhos, não são sempre as mesmas, numa segunda ou terceira ou tantas outras leituras.
Explico, quando li algumas páginas há um mês atrás,li com outro olhar, outras palavras me saltaram, hoje lendo, quase chorei, será que é permitido chorar no metrô? Confesso que já chorei algumas vezes, se alguém viu, disfarçou bem, lágrimas desconcertam não é mesmo, principalmente aos estranhos.
Coloco o trecho, muito mais para mim, para que não me esqueça dessas palavras, que pularam das páginas e fixaram-se em mim, na minha pele, feito aquele matinho que gruda na roupa,carrapicho, dizem que a idéia do velcro nasceu dessa plantinha.
Lóri: Não, não devia pedir mais vida. Por enquanto era perigoso. Ajoelhou-se trêmula junto da cama pois era assim que se rezava e disse baixo, severo, riste, guaguejando sua prece com um pouco de pudor: alivia minha alma, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão de que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para pertar a minha, amém. (pág,56)

Depois de um dia...




Um pouco cansada,
Alminha querendo canção,
Lágrimas, quase por transbordar,
Ainda bem que sempre se tem canção,
Ceumar - SEMPRE VIVA

Prenda minha (Gero Camilo)
Prenda minhaTu me faz bem
Muito aquém do
que eu mereço
Mis eu desejo
Que esse bem assim
Feito água em pote
Faça umedecer um
Coração que sofre
Faça umedecer um
Coração que sofre

Encontros.


Um velório, corações partidos, encontro um pouco da minha identidade que anda perdida.
E penso, penso, das pessoas que passam por nossas vidas, por uma ou mais vezes e deixam marcas permanentes.
Conheci a Sônia através de um outro amigo Hannes, ela vinha a um Congresso em São Paulo e precisava de hospedagem, Hannes falou comigo, sem problemas. Morava no CRUSP. Sônia chegou. Sorriso e palavras fáceis, luz de Cristo.
Na caminhada da gente, depois da explosão de Jesus Cristo, daquela paixão intensa, na correria do dia-a-dia, no nosso egoísmo, vamos esquecendo da Luz, e a chama do candeeiro vai ficando fraquinha até que chega alguém e compartilha o fogo que lhe vai na alma.
Sônia para falar de Jesus e sua experiência com Ele, não titubeia, fala para qualquer um que queira ouvir, isso me encantou.
Bom, se passaram cerca de 8 anos desde que nos vimos da última vez.
Mas aí novamente nossos caminhos se cruzam e num momento que novamente preciso dessa chama e de receber a Cristo, ando longe da Igreja, sim, sinto Jesus Cristo, sinto seu amor, mas e meus amigos? Meus irmãos, longe, longe. Chega Sônia com sua mãezinha, irmã e irmão. Sua mãe enferma vem de Florianópolis, apesar de serem do Paraguai. O tratamento acaba não sendo em São Paulo e vão para Sumaré. Fé muita fé, D. Rita, mãe de Sônia tem um sorriso lindo, uma serenidade de dar inveja, ainda mais estando tão doente.
D. Rita foi uma guerreira, passou momentos difíceis e saiu da sala de cirurgia clamando vitória, mas dali alguns dia Jesus a ia chamar para estar com Ele.
Vejo os olhos tristes da família de Sônia e vejo também a mulher forte que ela é, com todos os questionamentos sobre a morte, seu coração não fraqueja em relação a seu amor por Cristo.
Das palavras de Sr. Gregório, pai de Sônia quero guardar, "Meu sentimento é que os conheço há muito tempo". Assim sinto também.
Meus irmãos, meus amigos.
Encontros, transformações!
Agora me veio a passagem em que Cristo se encontra com a samaritana: João Cap. 4 Vers.6 a 18: Jesus cansado senta-se junto de uma fonte. Aparece então uma mulher samaritana,(os judeus não conversavam com o povo samaritano. E ele lhe pede água, ela estranha. como aquele homem fala com ela. E esse encontro na Fonte é transformador na vida dessa mulher que havia tinho 5 homens e nenhum delas era seu esposo, Jesus lhe diz isso e ela se espanta. "quem é este homem?, que sabe de mim!"
Encontros, transformações!

Meninas no almoço




"Você pode me explicar o por quê da minha atração por cabelos brancos, eu acho um charme!"
"Porque é o que nos resta"!
Desabo a rir, "será que é verdade? Mas eu não tenho essa atração por todos os homens carecas, só alguns...(rs)"
Sim, estou envelhecendo...(rs)
Descemos mais um pouquinho a rua e vemos de longe Gabriel Levy, instrumentista maravilhoso que toca acordeon. Está na calçada todo de preto (cor que acho gosta por demais, pois sempre o vejo assim), come uma cocada, vamos indo, minha amiga pára e fala:
"Você se sente uma celebridade, quando você é reconhecido na rua?"
Ele olha pra gente e muito simpático: "De onde a gente se conhece?"
Ela explica que é o dos shows do Mawaca e eu digo que cantei com ele lá no SESC, ele é simpático, pergunta se o pessoal gostou e eu digo que DEMAIS!!!!Minha amiga diz que fez meu figurino, a gente ri mais...
Ele continua comendo cocada, nem percebo que ele come e fala ao mesmo tempo.., quem me disse isso depois foi minha querida amiga, detalhista que só... ´
Ele nos pergunta se trabalhamos por ali, dissemos que sim, mas nada artístico, trabalho burocrático e ele diz, estamos ali, contando história...
Eita, que privilégio ganhar a vida, tocando e contando história.
Eita vida besta a nossa.Mas como minha queridíssima amiga diz, "logo, vamos sair dessa vida e cair na vida de artista!"Que assim seja!!!!!

Das dores...




Cada um sabe bem da dor que lhe vai ao coração.
Mas há dores que simplesmente são tão profundas, sufocantes e transformadoras.
Acho que a dor da morte é algo que não tem nem o que se dizer. Tenho várias questões em relação à morte. Sou cristã e creio que Jesus Cristo entregou sua vida por nós, para que vivêssemos para sempre. E esta esperança é o que me conforta, porque querendo ou não, a aproximação da velhice, faz com que pensemos que um dia ela chegará.
Pensar, no entanto, na perda de pessoas muito próximas e queridas nos traz algo estranho e sempre queremos afastar essa idéia da cabeça. Acho que a morte de alguém querido, nos faz morrer um pouco também, assim senti quando perdi minha avó.
É você olhar para os olhos de quem está se indo e olhar através do espelho e não querer que aquela pessoa vá pro lado de dentro dele.
Essa semana está sendo muito triste, tenho sentido a dor de amigos que perderam, uma a sua mãezinha e outro o seu pai. Choro o choro junto com eles, só que sei que essa dor não é nem um grãozinho de areia se comparado ao areial que cai sobre eles.
Ouvir suas vozes dolorosas, me partem o coração.
E penso em Deus, o que Ele pensa sobre a morte? Sobre as lágrimas derramadas por essa dor...
Jesus também chorou a morte de Lázaro e penso na dor que sentiu...como foi essa dor, Ele o ressuscitou! são tantas questões sem respostas.
Que essas lágrimas, não inundem demais o coração de meus amigos!

Deixo um poema de Cecília Meireles

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

quarta-feira, agosto 15, 2007

A cebola




Alguns vão achar horrível, mas eu sempre gostei muito de cebola. Antigamente, eu pegava a cebola crua e passava um salzinho e Hummmmmm!!!
Eu tenho uma história curiosa com cebola, umas coisas que a gente faz e não entende bem por que. Eu digo que a gente falha, ou mesmo em mineirês, "faia", porque não é possível.
Nós morávamos num cortiço no Bairro da Estação da Luz, naquela época um pouco mais "residencial", fazíamos nossas compras na quitanda do Sr. Osório, um homenzinho baixinho, gordinho, com um oclão, pegávamos o que precisávamos e pedíamos para anotar e ao final do mês minha mãe ia lá acertar o devido.
Bem, meu pai, trabalhava em um Hotel ao lado de onde morávamos, então, lá acabava sendo uma extensão de casa, pelo menos no período noturno que era quando meu pai estava lá.
Um dia, minha mãe pediu para meu pai comprar frutas para a gente e fui eu com ele, escolhe fruta daqui, dali, e eu vi a Cebola, hum, adoro, cebola, ai vou pegar uma para mim, aí veio a "faia", peguei escondidinho e pus debaixo da camiseta. Ninguém viu, ai, vou pra casa.
Frutas nos pacotes de papel, e uma cebola junto. Normal não é. Uma única cebola no meio das frutas.
Minha mãe, nada boba, viu a cebola, estranhou, que cebola era aquela e eu o que digo? Peguei.
Pegou? Peguei. "filha, você queria cebola, deveria ter pedido para o seu pai", Agora volta lá e devolve",
Ai, ai, que vergonha! E agora o que digo???
Agora aguenta, devolvi a cebola, o que disse certinho eu não sei. Mas morri de vergonha e nunca mais me esqueci dessa história.
Minha mãe, me deu diversas broncas, ela sempre foi muito correta e brava, mas não me lembro dos motivos das broncas e palmadas, mas este dia, em que imaginava que iria apanhar a beça, minha mãe calmamente me deu uma bela de uma lição!
Gente eu não pego cebola, nem mais nada escondido não viu...(rs)!!!

terça-feira, agosto 14, 2007

Jazz ao Meio Dia





Nada como um almoço regado à boa música.
Uma das coisas boas de se estar no meio do símbolo Capitalista é ter tudo por perto, inclusive, cultura, livros e boa música e de graça então, nem se fala.
Hoje na hora do almoço fomos à Livraria Cultura ver Tito Martino e Banda, Jazz tradicional e histórias gostosas de se ouvir.
A única coisa que faltou era estar vestindo aqueles vestidos justíssimos, uma piteira enorme (chiques demais!!)(e eu nem fumo)(rs), o cabelo cortado bem curto, tipo chanel, um rapaz vestido de terno, chapéu e aquele charme (nossa!!), aí o cenário estaria completo, claro com a aura meio esfumaçada (acho que vejo filme demais!!) (rs).
Um almoço assim, faz a alma ser lavada! Mudar a cor do dia que estava meio preto e branco e de repente vai se jogando tinta nesse quadro e formando desenhos surpreendentes.
O que mais gostei foi a história sobre os Funerais de New Orleans, em que uma big band vai atrás até o Cemitério tocando um spiritual bem sentido e na saída do cemitério, toca-se algo mais alegre, porque claro tem que se celebrar a vida e de algum modo temos que prosseguir.
Acho que quero assim meu funeral, com muita música, agora difícil vai ser o repertório, já pensei em Oblivion com Astor Piazzola, El Condor Pasa, Lucio Yanel e Yamandu, enfim, quero gente cantando, entoando poesia, quem sabe jazz, cantoria A Capella.
Conhecer sobre improvisação também foi fascinante é como um diálogo, um, complementando o outro, como se dissesse assim, Te dou isso aqui, tá vendo é carinho, é melodia, e o outro, muito obrigado, recebo e te dou isto...Ai, como é bom ver gente amando música e dando um pouco desse amor pra gente.
Eu quero mais e pra quem quiser também, as sessões do meio dia recomeçam no dia 04 de setembro na Livraria Cultura a partir das 12h30.
Aproveito para deixar a música que mais me tocou...

Just A Closer Walk With Thee

I am weak, but Thou art strong;
Jesus, keep me from all wrong;
I'll be satisfied as long
As I walk, let me walk close to Thee.

Just a closer walk with Thee,
Grant it, Jesus, is my plea,
Daily walking close to Thee,
Let it be, dear Lord, let it be.

Through this world of toil and snares,
If I falter, Lord, who cares?
Who with me my burden shares?
None but Thee, dear Lord, none but Thee.

When my feeble life is o'er,
Time for me will be no more;
Guide me gently, safely o'er
To Thy kingdom shore, to Thy shore.

COMPLEMENTO: eu não sabia qual era a música com certeza, então mandei um e-mail para o Tito Martino e olha que fofo:

Olá Cristiane

grato pela apreciação. Este é um "Spiritual", também chamado
"Negro Spiritual", cantado até hoje em templos protestantes dos
Afro-americanos.
abraço
Tito


Just a Closer Walk with Thee

Just a Closer Walk with Thee,

grant it Jesus if you please.

Help me walking close with Thee.

Let it be dear Lord, let it be.



I am weak, and Thou are strong,

keep me Jesus from all wrong.

I’ll be satisfied as long,

as I walk dear Jesus close with Thee

Um causo sobre Educação




Como estou imersa em apostilas, debates, estudos educacionais, não tem como, tenho que falar mais sobre educação.
Então vou contar um causo que acho muito bonitinho e emocionante sobre minha mãe. Minha mãe iniciou seus estudos lá na roça, quando morava com sua avó. No primeiro dia que minha mãe voltou da escola, ela queria que já pudesse ler uma carta, olhou para minha mãe e disse "você não lê, como asssim, você não está indo para a escola"?
Para continuar seus estudos minha mãe teve que mudar para a cidade, foi morar com uma tia e claro, minha mãe tinha que "pagar" de algum modo sua estada. Trabalhava como uma condenada, levantava de madrugada para varrer todo o terreiro, enorme, cuidar de toda a casa e ainda cuidar de um bando de crianças. Cuidar significa, carregar no colo e não ter tempo nem de ir sozinha ao banheiro. Fora algumas "palmadas" de vez em quando. Bom, entre uma tarefa e outra, ir à escola, minha mãe nunca gostou muito de estudar, no entanto, não sobrava muito tempo para se estudar em casa. Minha mãe repetiu três vezes a terceira série e já estava uma mocinha em meio às crianças, quando uma professorinha, recém chegada da capital, muito bela e novinha, disse que iria tirar minha mãe da terceira série. Falou para minha mãe, "Olha depois do almoço, você vai lá pra casa, para você estudar comigo". E assim foi, minha mãe almoçava, terminava rapidinho suas tarefas e ia estudar. E aí entra o afeto, alguém que olha para minha mãe, enxerga suas dificuldades e se envolve e muda o seu destino.
Minha mãe, quando foi visitar sua avó na roça, lhe pediu um presente, não para ela, mas para a professora e que bem precioso minha avó teria para dar à professora, uma galinha. E assim minha mãe escolheu uma e levou aquilo que pagaria a jóia que a professora lhe dera, conhecimento, afeto, um olhar.
Em meio a tudo e o mundo, onde está o nosso olhar em cada coisa que fazemos.
Em gestos simples se transforma o mundo!

segunda-feira, agosto 13, 2007

Educação




Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar."
Este era o pensamento de Paulo Freire. Homem que sonhou, discutiu, "pelejou" por uma mudança na educação.
Me formei em Letras, mas nunca me aventurei a entrar em uma sala de aula. Amo estudar, amo escrever, amo discutir literatura. Ando querendo me tornar professora e olho para as pessoas e pergunto "Será que dou conta?" Vejo, professores desmotivados me olhando de soslaio. "Você tem certeza que você quer entrar nesse mundo da educação?" Certeza não tenho, mas sinto que tenho o dever de tentar retribuir aquilo que recebi, no mínimo.
Se serei uma boa professora, não sei, mas quero tentar, sinto que anda me faltando plantar, jogar sementes, e quem sabe ver brotar, nem que seja apenas uma planta. O trabalho burocrático não me faz sentir que faço a diferença. Se farei como professora, aí... é como o pão que se sova e põe no forno, vai crescer?
Nessa minha caminhada pró-professora, uma cena vai ficar guardada, contava para alguns amigos que ia fazer o concurso da prefeitura, uma amiga, a Célia, não me disse nada, apenas sorriu e me abraçou!!!
Coragem, Coragem já dizia um dos mestres que respeito, Benê, grande Benê!Me ensinou a não ter medo de arriscar e ainda um outro professor que sempre dizia, no seu jeito tranqüilo de ser, cabelos branquinhos, ensinava Geografia, plantava fé e dizia '
"FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBOA"<

sexta-feira, agosto 10, 2007

Pai


Tenho poucas histórias com meu pai, as que tenho foram contadas para mim ou são alguns fragmentos que ficaram guardados, não entendo bem por que.
A história de amor de meus pais é feita de um acaso. Minha mãe, veio para São Paulo muito cedo, com quinze anos para trabalhar de doméstica. Naquela época era muito fácil se arrumar emprego, bastava você se apresentar e já estava empregada. Num desses empregos, a patroa de minha mãe a acusou de roubo e simplesmente no meio da noite a mandou embora, sem lhe pagar nada. Minha mãe, então, totalmente só, saiu pela rua chorando, nisto havia um casal em um taxi, que lhe perguntou o que havia acontecido, ela lhes contou a história e lhes disse que não tinha para onde ir. Eles lhe ofereceram lhe levar para um hotel, bom, isso não foi lá muito fácil, minha mãe era menor de idade, os hotéis não aceitavam menores, bem, onde minha mãe foi parar, no hotel onde meu pai trabalhava, minha mãe, disse que meu pai era muito carrancudo,disse "fica ai". Minha mãe ficou essa noite, voltou tantas outras em que ficou desempregada, foi ficando até que eles foram ficando juntos e aí eu vim ao mundo. Minha mãe disse que quando perguntou para o meu pai que nome iam me dar ele disse "ah, Sebastiana, Benedita, bom ainda bem que minha mãe foi mais sensata e me deu o nome de Cristiane.
Minha avó me contava, que meu pai, quando voltava pra casa depois de uma noite trabalhada, me colocava no colo para almoçar com ele, bem eu enfiava a mão no prato dele, minha avó queria me tirar e ele dizia" Deixa, deixa". Uma vez, acho que dormi junto com ele, e simplesmente "descobri" o cigarro no seu bolso e claro, enfiei tudo na boca e mais cuspi do que comi, ainda bem...Uma história que meu pai gosta de me contar é que eu pequetita, de perninha grossa, ele me mandava ir buscar pinga no copo (nada educativo isso), mas...(rs), lá vinha eu, tombando, deixando mais cair a cachaça do que trazer e aí meu pai me dizia, "ei filha, cuidado", aí eu dizia "é pro Santo pai", menina sabida de vocabulário de boteco, também pudera, meu pai vivia comigo nos botecos que ia, eu adorava tomar a espuminha da cerveja dele, uma vez minha mãe me contou que meu pai jogava sinuca e eu queria participar do jogo, tirei uma das bolas, ai pra que, levei uma tacada no popo...mas cê acha que não ia contar pra minha mãe, e ai eu começava assim "Sabe mãe, o pai, parou com o carro e lá vinha os detalhes.Lembro dele me levando para a escola de fusca branco, me dando dinheiro para voltar de ônibus, ele me levando para passar uns tempos na casa dele e eu futricando coisas para a mulher dele. E isso me faz lembrar o dia em que ele ia se casar, minha mãe coitada, pediu para minha avó me levar até ele, acho que com a esperança que ele desistisse de casar e eu sem saber direito porque chorava, chorava...e ele foi. Até hoje,sempre que encontro meu pai, tenho a sensação de despedida,um aperto, do que poderia ter sido, ter tido meu pai sentado à mesa com a gente, me acompanhando nos estudos, ou simplesmente aqui com a gente.Tenho 2lembranças de nós três juntos, eu, minha mãe e pai,pequenininha, quando fomos ao zoológico e ele me comprou uma sombrinha de papel, que no mesmo dia destrui abrindo ela na chuva e aos meus quinze anos, na sala de casa, ele tirou um saquinho com uma corrente e pulseira de prata me entregou dizendo que para ele eu ainda era a sua menininha e nós três choramos feito criança.
Sabe Pai, eu tenho muita saudade de você, é uma saudade que não entendo bem,se é do que foi, do que seria, eu tenho um amor muito grande por ti, nesse dia, não pude te abraçar,não pudeencostar minha cabeçano seu peito para receber seu cheiro ( é o cheiro mais gostoso do mundo, que me traz o nordeste inteirinho), nem mesmo pude ouvir sua voz, mas sei que você está aí, está aqui em mim, nos meus traços, naquilo que você me deu...ah Pai, TE amo muito, muito mesmo. Esta foto tiramos na primeira posse do Lula...sou grande, mas ainda sou menina quando estou perto de ti!

Pequenos Milagres


Que tal você com 11 anos ter que sair da cidade de Desmantelo do Norte para vir à São Paulo, na praça do "Zé", com uma cabeça de cachorro para levar à "Violência Sanitária".
"Cabeça de Cachorro" é uma das 4 histórias que o Grupo Galpão está em cartaz no SESC Consolação.Os textos da peça foram selecionados na campanha Conte sua História, que o Grupo Galpão realizou em 2006, especialmente para criar o novo espetáculo.
A campanha alcançou pleno êxito recolhendo cerca de 600 histórias (via cartas e e-mails) provenientes de várias partes do país. Desse total, foram pré-selecionadas, pelos atores, o diretor e o dramaturgo, Maurício Arruda Mendonça, as 50 que mais representavam o cotidiano das pessoas. Após vários workshops, chegou-se às quatro histórias que compõem o texto final da peça.
Bom, não conhecia o trabalho deste grupo teatral, o que mais me tocou foi a sutileza dos gestos dos atores, assim como os objetos são representativos nas cenas. Uma das histórias O Vestido, a atriz passa da meninice à vida adulta de uma maneira nunca vista, é uma cena simples e tocante. Agora um verbo que adorei foi "penabundeei" (rs), sem dizer o dono do brechó, que é hilário. Casal Náufrago, os atores, passam sua mensagem na lentidão de seus corpos. Os pequenos milagres é descobrirmos um pouco de nós em cada personagem, com nossos dilemas pelas escolhas que fazemos e como diz o cego "Quer um caminho, João", Pega o Caminho João, "Você tá com medo João, você tem que fazer seu caminho João". Sim, somos João à procura de um caminho e com medo do desconhecido, mas no final a gente pode sempre Dizer "GOSTEI DE MIM"
Vale a pena assistir
PEQUENOS MILAGRES
Às quintas-feiras preços especiais: R$ 20,00; R$ 10,00 (usuário matriculado); R$ 5,00 (trabalhadores no comércio e serviços e dependentes) / Sextas, sábados e domingos: R$ 30,00; R$ 15,00 (usuário matriculado e dependentes). R$ 7,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes).
De 02/08 a 26/08. Quinta a sábado, às 21h/ Domingo, às 19h

Dor elegante!



Itamar Assumpção,
Confesso, há descobertas que acontece pelo acaso, lembro-me de como conheci Itamar Assumpção, num show em homenagem à ele, logo quando se recuperou da sua doença. Vários artistas, Zélia Duncan, Ná Ozzetti, Cássia Eller ( depois pensei, Itamar se recuperando de uma doença grave, e ela nem imaginava, que deixaria o mundo antes dele) e o artista que me levou até lá, até então era apaixonada por ele: Zeca Baleiro (esse não foi), mas conheci algo mais precioso, a canção falada, contada, até então conhecia Luiz Tatit, mas e o mestre, Itamar Assumpção, que voz, forte, que letras...
Gente, como pode termos tantos talentos e estes ficarem por aí, escondidos em pequenos cantos, em alguns lugares, para alguns "privilegiados", assim diz José Miguel Wisnik "Pérola aos poucos", é triste isso, mas sei lá de repente, compartilhando a gente traz mais gente pra esse grupo.
Deixo essa letra que na voz de Zélia Duncan e Itamar, não tem nem o que comentar é ouvir, fechar os olhos e ir pra lá, ou quem sabe cá, se transportar pro oceano, devagarzinho, ou quem sabe ver o pôr do sol, simplesmente sentir!

Dor Elegante
Itamar Assumpção - Paulo Leminski
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Ela é tudo que me sobra
Viver vai ser a nossa última obra

De príncipes e sapos

A gente sempre espera um príncipe. Daqueles que sejam fortes, mas que ao mesmo tempo seja romântico,daqueles que mandam flores, ou mesmo da música do Erasmo "você precisa é de um homem pra chamar de seu".
E de repente a gente encontra, se apaixona, mas o tempo vai passando, a armadura vai caindo, ele vai ficando mais nebuloso, você dá uns retoques, mas a pintura vai indo embora. Aí quando você vê, você está com os pés na lagoa, olhando pra um sapinho, até que bonitinho, ele coaxa, você dá beijinho, mas ele sempre sapo.
Gosto da Céu e da música que ela fala de príncipe sapo, "tome tento fique esperto, príncipes de plantão" (rs)!
Falando em Céu, além dessa voz menina e segura, ela é muito simpática, fui a um show em que ela não cobrou nada por ele, era a abertura de um Festival de Curtas no Centro Cultural São Paulo, ela canta muito bem!!!! Um dia quem sabe, quando crescer, serei como ela.
Essa música tem swing..

Lenda

E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante,
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe.... volta ao seu posto de lenda
(
Seu nome na boca do sapo
Sua boca, ah, ah, ah

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim

Seu nome na boca do sapo
Sua boca, na minha
O resto é boi dormindo,
História errada de carochinha