quarta-feira, setembro 26, 2007

De Marias e ainda Santana do Jacaré


Nessa última viagem à Minas Gerais, fui visitar a Vila Vicentina, para quem não conhece, o trabalho dos vicentinos, chamada-se Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização de pessoas que são chamados de confrades. Cada região essa sociedade atua de um modo, ajudando os pobres, e lá em Santana do Jacaré, há essa vilinha em que moram idosos e pessoas que não têm como se locomover. Na verdade é um lugar que te dá um nó na garganta e um aperto no coração. Todos vamos envelher, claro se a morte não vier chamar antes, mas aqueles olhos, que se alegram por receber uma visita, um olá, te faz perguntar, e essas crises que a gente tem "sr ou não ser eis a questão". Logo conheço uma senhorinha, magrinha, cabelos lisos totalmente branquinhos, acabou de fazer 100 anos, sentadinha, arrumada com um vestido azul, eu a beijo, pego a sua mão tão pequena e ela beija tanto minha mão, minha mão branquinha naquela negra, que simplesmente ama, seu nome Maria Nazorá, minha mãe diz que ela é nossa parenta distante. Começamos a visitar outros quartos, uma senhora jovem até, com seu quarto impecavelmente arrumado, sofreu um acidente em que caiu de uma escada e não mais pode andar, minha mãe disse que ela em outra visita estava muito revoltada, pois sua família a deixou lá, "ela antes dizia, eu não posso ficar aqui, eu tenho família".Agora parece resignada. Família, família.
Vou a outros lugares e conheço outa senhora, pergunto-lhe o nome me diz "Olivia", e eu digo que Lindo! Me lembro da Olívia de "Olhai os Lírios do Campo", ela fica feliz com o elogio, entro em outro quarto e vejo a Lourdes, essa personagem é da minha infância, minha mãe me contou que ela saiu andando da Bahia e parou em Santana do Jacaré, se tornou cozinheira da Vila, agora está aposentada e mora lá na Vila, sua cama, repleta de bonecas, como se fossem seus filhinhos, sentadinhas e cobertas. Quando eu falo que ela era a cozinheira, outra senhora, que traz agora o peso dos anos nos pés e no corpo, sentadinha sorri e é Maria também, me diz eu lavava toda a roupa, a Lourdes cozinhava e eu lavava. D. Olívia, quer atenção, diz que onde nós formos ela vai também, me diz que tem um bisneto, uma gracinha, minha mãe brinca e diz "vai pajear ele", ela fala, "eu não guento não".
Vamos embora, eles ficam, e penso, penso tanto, envelhecer, envelhecer...

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