quinta-feira, setembro 27, 2007

Música - Seriedade e diversão


Quando vamos a um concerto ou a show, muitas vezes somos como que arrebatados. Mas esse resultado final de beleza é sempre resultado de muito trabalho, dedicação e algumas vezes um pouco de stress.
Fiquei pensando nisso quando ouvi a Orquestra contratada para tocar no espetáculo Rossini Hits que estreará no final de outubro.
Chegamos e eles já estavam posicionados e havia uma leve bruma pesada no ar, uma conversa sobre ensaios, compromissos etc. Pensei profissionalismo demais não, música não combina com stress. Aqui ponto e pensamento.
E aí eles começam a tocar. Boquiabertos, nós, meros alunos, como crianças engatinhando, nem sabemos o que fazer, tamanha a beleza da música que eles tocam. Meu amigo, que é o primeiro a cantar, não consegue entrar com a voz de primeira, ao final do ensaio ele está tremendo. Eu e minhas amigas estamos arrepiadas, sentimos que estamos no céu.
E penso, não é possível beleza na música, sem muito trabalho e quem sabe um pouco de stress, porque cada um quer dar o melhor de si.
sim, se divertir e sentir a música é essencial, mas sem o trabalho o objetivo de transportar para esse local de gozo é algo quse que impossível.
Uma boa dose de diversão e stress saudável, para contrabalancear.
Acho que o espetáculo vai ser bem legal, pelo menos os ensaios já estam valendo por demais!

quarta-feira, setembro 26, 2007

De Marias e ainda Santana do Jacaré


Nessa última viagem à Minas Gerais, fui visitar a Vila Vicentina, para quem não conhece, o trabalho dos vicentinos, chamada-se Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização de pessoas que são chamados de confrades. Cada região essa sociedade atua de um modo, ajudando os pobres, e lá em Santana do Jacaré, há essa vilinha em que moram idosos e pessoas que não têm como se locomover. Na verdade é um lugar que te dá um nó na garganta e um aperto no coração. Todos vamos envelher, claro se a morte não vier chamar antes, mas aqueles olhos, que se alegram por receber uma visita, um olá, te faz perguntar, e essas crises que a gente tem "sr ou não ser eis a questão". Logo conheço uma senhorinha, magrinha, cabelos lisos totalmente branquinhos, acabou de fazer 100 anos, sentadinha, arrumada com um vestido azul, eu a beijo, pego a sua mão tão pequena e ela beija tanto minha mão, minha mão branquinha naquela negra, que simplesmente ama, seu nome Maria Nazorá, minha mãe diz que ela é nossa parenta distante. Começamos a visitar outros quartos, uma senhora jovem até, com seu quarto impecavelmente arrumado, sofreu um acidente em que caiu de uma escada e não mais pode andar, minha mãe disse que ela em outra visita estava muito revoltada, pois sua família a deixou lá, "ela antes dizia, eu não posso ficar aqui, eu tenho família".Agora parece resignada. Família, família.
Vou a outros lugares e conheço outa senhora, pergunto-lhe o nome me diz "Olivia", e eu digo que Lindo! Me lembro da Olívia de "Olhai os Lírios do Campo", ela fica feliz com o elogio, entro em outro quarto e vejo a Lourdes, essa personagem é da minha infância, minha mãe me contou que ela saiu andando da Bahia e parou em Santana do Jacaré, se tornou cozinheira da Vila, agora está aposentada e mora lá na Vila, sua cama, repleta de bonecas, como se fossem seus filhinhos, sentadinhas e cobertas. Quando eu falo que ela era a cozinheira, outra senhora, que traz agora o peso dos anos nos pés e no corpo, sentadinha sorri e é Maria também, me diz eu lavava toda a roupa, a Lourdes cozinhava e eu lavava. D. Olívia, quer atenção, diz que onde nós formos ela vai também, me diz que tem um bisneto, uma gracinha, minha mãe brinca e diz "vai pajear ele", ela fala, "eu não guento não".
Vamos embora, eles ficam, e penso, penso tanto, envelhecer, envelhecer...

quinta-feira, setembro 20, 2007

Pra quem não acredita - Santana do Jacaré - Minas Gerais

Pesquisando na Internet, no mais conhecidos sites de buscas,será que você sabe qual é? (rs). Descobri este texto, que achei muito bacana, pois são os olhos de uma pessoa que também não acreditava na existência dessa cidade e lá esteve e comprovou. Ele dá uma pincelada do que é Santana do Jacaré e é uma pincelada boa!Pedi permissão para mostrar seu texto e ele muito solícito aprovou, descobri inclusive que ele tem 2 livros publicados, um acho que virtual que pode-se baixar pela internet. Bom pra quem ainda não acredita, Santana Ah, Santana existe.
E ela foi Corredeira mesmo, realmente chegou a se chamar Corredeira, quando distrito da cidade de Campo Belo e eu que achava que muitos a chamavam assim pela velocidade que correm as notícia spor lá...(rs)!!!
Obrigada, Luis pela crônica.
O blog dele :
http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/


CIGARRAS PIIIIIIIII EM SANTANA DO JACARÉ

2003-11-18 - 11:35:50

Indo pela Fernão Dias, sentido Belo Horizonte, depois da saída 666 para Perdões (sim, existe uma saída 666 e é para a cidade de Perdões!), está a ÚNICA placa indicando o retorno (Mantenha-se à esquerda) para a cidade de SANTANA DO JACARÉ. É para lá que fui na sexta pela manhã, à passeio, com o amigo Pimenta.

A viagem tinha 3 finalidades. A primeira era a inauguração da quadra de tênis da chácara da família Pimenta Freire. Como exímio jogador desse nobre esporte e amigo da família não podia me furtar em comparecer para demonstrar meus dotes. A segunda era descanso e recuperação do TRAUMA da minha separação. A terceira era matar a curiosidade: que catzo é SANTANA DO JACARÉ? Existe messss?

Existe! Fica logo depois de São Sebastião das Estrelas. Antigamente São Sebastião era conhecida por ONÇA. Acredite! Aí apareceu um padre por lá e achou muito feio ONÇA. Feito um brainstorm com as filhas-de-Maria do povoado chegou-se ao consenso do BICHAL nome de São Sebastião das Estrelas. E os homens que lá residem têm vergonha de dizer que são de lá e tascam: sou do ONÇA. Folk-lore bruto!

Então depois de 42 quilômetros de estradas capilares (como em Viagem Insólita), nos embrenhando pelo o que o Pimenta chama a sério de "O CERNE DO ESTADO DE MINAS", chegamos a Santana. O nome original era Santa Ana do Rio Jacaré. Mas mineiro gosta de abreviar. O Pimenta nasceu lá e achava que o UNIVERSO era aquela meia dúzia de casas até lá pelos 12 anos quando chegou na cidade a primeira TV. Muita gente ainda acha.

Era meio dia quando adentramos a cidade e meio dia e um quando saímos dela. Poucas casas, a igreja, nenhum carro pelas ruas. O ar puro, aquele calor mineiro. Uma placa avisava: "vendem-se mudas de café". E eu, mente fértil, já imaginei uma série de mudas de café na beira da estrada mostrando as pernas,"se vendendo". Minas é um estado lisérgico, man!

O fato é que a dona Nega e o seu Paulinho, pais do Pimenta, lá estavam nos esperando com um rango abusivo de bão. Cumprimentos e barulhos de talheres depois, vamos à siesta. Dormir na rede. Era apenas o preparativo para o que viria a seguir: uma noite estrelada, uma quadra de tênis iluminada no meio da mata, cervas, petiscos mil e doces que são puros preparos para um diabetes poderoso. A felicidade de qualquer ser humano minimamente racional.

Foi assim. Chegaram os parentes do Pimenta e os causos foram sendo contados e as piadas e aquele jeito estranhíssimos que os mineiros falam. Qualquer rapper metido a incompreensível ficaria de boca aberta com a mímese, a rapidez e a naturalidade com as quais os mineiros, por exemplo, se cumprimentam pela manhã: "Ôôôôôôôôp", no que o outro responde seco: "Ôp". "Bão?". "Neeeeeeeeeemmmmmmmm!". Monossilábica e onomatopaica comunicação total!

Mas o melhor estava por vir. No sábado o pai do Pimenta, se recuperando de um derrame, empunhou com um só braço um trombone e acompanhado do caçula Paulo, tocou as mais belas pérolas do concioneiro local, começando por "Cuitelinho". Ô músca bunita, sô! Eu empunhei a câmera e registrei o momento para a eternidade.

À noite estivemos no Samuca, bar de Campo Belo, onde comemos uma farta porção de provolone frito e bebemos várias cevas. A conta deu 20 reais. Nesse momento estávamos acompanhados de um ser de pouca credibilidade local, mas muito "conhecimento" - que é quando a pessoa é super-conhecida. Trata-se de Maurício Resende Souza, a.k.a. BISCATE, um ser quase ininteligível. Incapaz de pronunciar Bia, ele me chamou até quase as raias da loucura, durante toda a noite, por BILL. E ficou Bill - pois o que é mais uma alcunha para um SER DESPERSONALIZADO!

Nossa noite se alongou até um local chamado Farroupilha mas não conseguimos ficar muito tempo devido ao azedume da mistura do cheiro de cana com suor. Meus olhos arderam.

O dia seguinte foi de mais comes e bebes e pudemos saborear o primoroso feijão à Paulito Pimenta Freire - com banha, pedações de porco e pimentões. O resultado foi uma evacuação eficaz no final do dia.

Nos dirigimos depois para a Pousada Santa Felicidade que é do Juca, tio do Pimenta. Uau! Local fartamente ilustrado por várias garotas novas e morenas e in-te-res-sa-dís-si-mas em um jovem e recém-separado jornalista. Pobre, é vero, mas isso ninguém precisava saber. Fiquei ali dando sopa e desfilando meu belo corpo enquanto o Pimenta conversava com familiares que - impressionante - são apenas QUASE TODOS os habitantes do reduzido feudo.

Conheci a Patrícia lá, gerente da Pousada, e iniciamos uma conversa para levar o pessoal do TQ para um evento, uma palestra sobre jornalismo ou algo assim. A Pousada é legal e vive promovendo eventos culturais. Pode rolar.

Seguimos depois para o aniversário da garotinha Carol com a Pepper Family. A afilhada da Tia Lêda vou dizer... me alumiou as vistas já embaçadas pelo excesso etílico. Incansável, noite de domingo, estivemos no maior point local, um estratégico boteco de esquina onde se visualiza nitidamente o foot dos nativos. Pude reparar como a família do Pimenta é considerada por lá: todo mundo que passava vinha cumprimentar. Ôp!

Dormimos antes do Fantástico e saímos cedo na segunda. O mundo real nos aguardava. Nunca achei que conheceria uma cidade como Santana do Jacaré. Agora espero poder voltar o quanto antes para lá.

por luiz BIAJONI

sexta-feira, setembro 14, 2007

Navegando no mar




Há coisas que escrevemos, colocamos na gaveta e aí um dia escavamos e encontramos sentimento e as vezes até estranhamento, "eu escrevi isso?" Nossa! Aí vai:
Fiquei na margem
Procurando
Sentei na areia
Desenhei seu nome
O vento me enlaçou
Quis me levar
Meus dedos fincaram-se
Pedi para ficar e te esperar


A maré subiu, quis apagar seu nome
Não deixei
Como fusão, trouxe cada grão para o meu corpo
Deitei a espera da noite
Vieram as estrelas
Quem sabe em uma delas
Você viria

O cansaço me trouxe sono
Estava sozinha?
No meio da escuridão
Você velava meu sono
E em meus sonhos te dizia
"Sabia que você viria".

quarta-feira, setembro 12, 2007

Minas Gerais


Montanhas que me levam...
Meus pensamentos, meu coração, minha infância.
É entrar no ônibus para desencadear emoções que vão lá longe.
As mesmas paradas de ônibus, chegar na rodoviária e ter logo que ir lá pra aquela cidade que todo mundo estranha, você diz o nome Santana do Jacaré e todo mundo fala: O que? Isso não existe não, "Existe sim". Santana corredeira...(Rs). Chegar na casinha da minha avó que sempre ficava esperando a gente, ela não está mais lá, mas é como se ela tivesse saido pra viajar, seus santos na parede, minha foto da quarta-série do Grupo Escolar João alves Duca, desbotando no mesmo lugar. A casinha lá de fora minha mãe derrubou,porque já estava caindo aos pedaços, também minha vó corajosa, foi juntando sobras de materais, pegou todos os meus primos, que ela ia de casa em casa e os acordava às 7h da manhã de domingo,eles numa ressaca danada, pois tomavam todas as pingas no sábado e chegavam de madrugada. Assim surgiu a casinha, baixinha, com um fogão à lenha, madeira, uma vez um gambá fez sua casinha dentro do forno do fogão, ai que medo.
Minha mãe construiu uma lavanderia no mesmo lugar, um quartinho e um banheiro. Tudo novinho, lindo, mas eu olhava e via a casinha velha, sentava na escada da cozinha e a casinha ainda estava lá. Olhava o céu, estrelado e tantas noites silenciosas do passado me vieram, tantas lágrimas, que hoje já não doem tanto. Tudo envelheceu, as pessoas envelheceram, meus vizinhos se partindo. "É mundo velho sem porteira", bem diz Erico Verissimo através de Liroca.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Futuros amantes- Chico Buarque e o contexto


Hoje o dia começou um pouco mais cedo, já estou no trabalho às 8h30 da manhã, milagre? Milagre!!! Feriadão, UEBA!!! Tô acordando meu dia e não pode faltar Chico Buarque, gente o que tinha no coração e na alma dele quando fez algumas músicas. Não é a toa que as mulheres enlouquecem com ele. Me lembro quando fui à FLIP em Paraty, a cidade tava lotada, gente pra todo lado, eu só vi pelo telão, a mulherada lá na praça dizendo "ai, esse homem embaixo dos meus lençóis". Uma amiga uma vez me disse que não tem homem desinteressante, depende do contexto, eita Chico excede todo contexto!!!Olha essa música...

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos


Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização


Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você

quarta-feira, setembro 05, 2007

Agradecer

Pouco agradeço, muito peço.
Minhas orações muitas vezes são chorosas, cheia de pedidos, muitas, muitas vezes é assim. Me dá, me faz isso,
Agradecer, quase nunca.
Mas de repente me passa pela cabeça: meus pés tortinhos, que caminham, minhas pernas branquelas que podem correr, meus braços e mãos desproporcionais que abraçam e podem sentir o abraço. Meus peitos caídos, mas que um bom soutien pode disfarçar. Minha pele cheia de pintas e cicatrizes mas sem feridas graves, incuráveis. Meus olhos que têm um olhar pro céu outro pro inferno, como diz Patativa do Assaré, (vesgos, estrábicos), mas que enxergam. Uma boca cheinha de dentes, muitos com restaurações. Ouvidos que podem escutar belas melodias. Cabelos finos, finos, tudo está aqui. Tenho o sol, tenho a chuva. Tenho a Deus, que me acompanha, que está comigo. Então Deus, sei que me entedes, a fraqueza, o sempre querer mais, mas que tudo que tenho possa ser instrumento como criação sua. Então, obrigada, obrigada, porque sou Cris, Cristiane.