quinta-feira, agosto 30, 2007

Titia





Minha família por parte de mãe é feita de mulheres. Na verdade não sei de nenhuma figura masculina forte.
Vou contar de uma figura que mesmo não a tendo conhecido marcou minha infância e é guardada no meu coração pra contar pra quem quiser ouvir ou me ler.
Titia seu nome de nascimento; Maria José, só há algum tempo minha mãe me disse seu nome. Para todos, simplesmente titia.
Sim, talvez até porque não tenha se casado, ficou para titia.
Mas não uma titia recalcada que guarda mágoas por ser só, ou estar só. Na verdade pelo o que minha mãe conta, nunca, nunca esteve só. Amou àqueles que estavam a seu redor até sua morte, prometendo inclusive, amar após a morte, explico mais adiante.
Era uma figura miudinha, magrinha, que era possível de ser carregada pela criançada na “cacunda”, para atravessar o córrego. A criançada lá na roça na sua algazarra a pegava nas costas para atravessar o riacho e lá ia ela gritando de medo.
Morava com sua irmã a forte Ana.
Uma de suas tarefas era acompanhar minha avó, filha de Ana nos bailes. Titia nem sempre estava com vontade de ir, minha avó geniosa que só, uma vez jogou uma espiga de milho na sua testa e o sangue escorreu, mas calou-se, mágoa, não existia no vocabulário dela.
Devota que era, todas as tardes colocava seu banquinho no terreiro, o sol se pondo, montanhas de Minas Gerais, seu rosário nas mãos. Ah, titia, quantas preces!
Quando estava adoentada, olhava para minha mãe e dizia “ô minha filha o que vai ser de você e sua mãe, depois que eu me for”. Minha mãe, chorosa, já que titia várias vezes a defendeu das surras da tia em que minha mãe morava para poder estudar, lhe dizia “titia, você vem me buscar”. Ela prometia, “venho minha filha”. Ah, titia, só seu coração puro para prometer isso.
Seu sangue, foi, foi, e como passarinho voou para o céu.
Seu caixão branquinho, roupa branca, manto azul, como o da Virgem Maria. À noite, minha mãe com medo lhe pediu, titia, não vem me buscar não.
Contou-me também que uma noite depois de ter apanhado muito e dormido chorando, sonhou com titia e seu manto azul e ela lhe dizia que ela iria tirar ela de lá. No outro dia, minha mãe saía de lá para trabalhar como empregada em outra casa. Surras não mais. Ê titia, amor assim até depois da morte.
Por essas histórias, eu menina de uns oito anos, sempre que ia com minha avó ao cemitério em Minas visitar o túmulo de D. Ana, eu sempre perguntava para minha avó onde estava a titia, ela dizia, que na época não tiveram dinheiro para comprar um túmulo, em que tivesse registrado seu nome, então foi enterrada na terra, direto, mas eu não me contentava, queria deixar minha flor para ela e minha vó entrava na minha “criancice” e me mostrava mais ou menos onde era e então eu lá deixava minha flor.Mas bem sabia onde estava e está ela, no céu, no meu coração!

Asas do Desejo - Tão Longe, tão perto


Para que eu sempre me Lembre, até quando os meus cabelos estiverem brancos e a memória coma todos os momentos da vida! Ficam vocês, filmes, músicas e palavras...e assim me tornarei eterna, minha história estará escrita.Se foi...,voou...

Beatriz

Edu Lobo - Chico Buarque
1982

Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Olha
Será que é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz

Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

terça-feira, agosto 28, 2007

O olhar...


As vezes nossos olhos enxergam através de outros olhos, isso acontecia geralmente quando me apaixonava.
Me apaixono e logo quero sugar tudo que a outra pessoa gosta. Música, livros, comida preferida, filmes e de repente até mesmo a preguiça.
Mas não tem coisa melhor do que ver através dos nossos olhos, a descoberta é feito luz que se traz para dentro da gente.
É engraçado que uma descoberta que me marcou muito e adveio de uma grande dor que sentia e que queria me afastar dela, foi Erico Verissimo, inclusive ele é o culpado do nascimento desse blog. Se tiverem paciência, verão que meu primeiro post fala dele. Descobrir Erico foi como nadar em águas cristalinas, calmas, fui me apaixonando por cada personagem e principalmente Rodrigo Cambará e não é o Capitão, eu ia entrando na história, esquecendo de mim e as vezes vendo meus próprios medos e paixões.
Terminei de ler Clarice hoje, arrebatamento total, além de muitas, muitas lágrimas, de nascimento, de dor, dói demais, quando as palavras vêem cortando a carne e contrasta com aquilo que o escritor diz e aí você percebe que é cópia.
Últimas palavras do livro, que não termina, começa-se com uma vírgula,e termina com : (dois pontos).
Entre as palavras dela descobri Chagall e aí, que descoberta, não sou de ter olhos para a arte, seja escultura, pintura, mas quando veio as imagens de Chagall, meus olhos disseram é esse, sim sua nova paixão, sua nova descoberta, seu novo prazer.
Chagall e esse olhar?!
Se vai, aqui fica!!!

Van Gogh - duas figuras no bosque - 1890


Naquele dia chovia muito,
A cidade, sempre seca, se inundava de tanta água
A árvore firme,
Minhas mãos tocaram a árvore, mas seus galhos não me tocaram o rosto
Não havia vento.
Já fazia sol, tantos dias,
O tronco da árvore firme, mas agora seus galhos me tocaram o rosto,
Inesperadamente, pedi à árvore que me abraçasse.
Soprava um vento
Primavera chegando,
Passarinho indo voar.
Meus olhos tristes
Existe tristeza feliz?
É isso a tal de saudade?
Pedaço de mim, que vai

“Eu tenho o destino da madeira, que canta quando queima na fogueira”

quinta-feira, agosto 23, 2007

Das vontades e do estranhamento e dos pensamentos




Lembrei de uma história de infância.
Minha mãe me contou que quando era pequena, tive uma febre alta. Me deu remédio e nada da danada passar.
Mamãe preocupada, comentou com a vizinha e esta lhe disse, "Acho que ela está aguada"( procurei no dicionário e olha o significado dessa palavra: "desejar intensamente, ficar com água na boca, ter salivação, por desejo de certa comida, ou simplesmente de comida). Ela viu uma menininha comendo mexerica,acho que foi isso. Minha mãe imediatamente foi à quitanda, sabe a minha quitandinha querida (rs), comprou a mexerica e não podia faltar um detalhe, pediu à menina que vi comendo me dar a mexerica. A febre passou.
Sobre estranhamento, voltava do almoço, meus almoços andam surreais, atravessava a rua, hoje vim de preto, com meias pretas de estampas de rosas, eu acho que é discreta e um "senhor de meia idade", olhou pra elas e fez uma cara, parecia reprovação...Ai meu Deus, nessa hora queria ler pensamento, geralmente os homens não mostram no rosto o que pensam, mas esse não disfarçou nadinha. Deixa pra lá!!! Bom pra dar risada!!!

Ainda Bethania



O encantamento nos faz assim, repetitivos!!(rs)
Mas essa música, não preciso dizer mais nada e sim ouví-la e todas as outras que tem no CD- PIRATA, pura sensibilidade e amor.

Eu que não sei quase nada do mar Ana Carolina e Jorge Vercilo
CD: Maria Bethânia - Pirata

Garimpeira da beleza
Te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meios seios, mar partindo ao meio
Não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim

Clara, noite rara, nos levando além
da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos
na escuridão

Me agarrei nos seus cabelos
Sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas
Como faz o mar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio
Não vou esquecer

Eu que não sei quase nada do mar
Descobri que não sei nada de mim

quarta-feira, agosto 22, 2007

O tempo, duas cantoras, duas músicas, doisCD's



Hoje não tenho muitas palavras, tenho duas cantoras, tenho dois CD's.
Descobri Madeleine Peyroux - cantora americana, jazz de altíssima qualidade. haverá show dela aqui em São Paulo no Via Funchal no dia 18 de setembro, pena, carinho que só, pelo menos pra uma pobre mortal como eu, mas que dá vontade de fazer uma loucura e me lançar pro mundo dos deuses, ah dá...(rs)!O CD é Careless Love.

Don't Wait Too Long

You can cry a million tears
You can wait a million years
If you think that time will change your ways
Don't wait too long

When your morning turns to night
Who'll be loving you by candlelight
If you think that time will change your ways
Don't wait too long

Maybe I got a lot to learn
Time can slip away
Sometimes you got to lose it all
Before you find your way

Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long

It may rain, it may shine
Love will age like fine red wine
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long

Maybe you and I got a lot to learn
Don't waist another day
Maybe you got to lose it all
Before you find your way

Take a chance, play your part
Make romance, it might brake your heart
But if you think that time will change your ways
Don't wait too long
Don't wait
Hmm... Don't wait


Maria Bethania, conhecia algumas músicas mais populares mas ainda não havia ouvido com calma, com coração. Este CD é muito lindo!Cha-se Pirata
Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, que seria de mim sem eles! Música apresentada por eles então!
As letras das músicas que falam do tempo. Não preciso dizer mais nada. A música fala por mim!


Maria Bethânia - O Tempo E O Rio
Edu Lobo/capinam
O tempo é como o rio
onde banhei o cabelo
da minha amada
água limpa
que não volta
como não volta aquela antiga madrugada

Meu amor, passaram as flôres
e o brilho das estrelas passou
no fundo de teus olhos
cheios de sombra, meu amor

Mas o tempo é como um rio
que caminha para o mar
passa, como passa o passarinho
passa o vento e o desespero
passa como passa a agonia
passa a noite, passa o dia
mesmo o dia derradeiro
ah, todo o tempo há de passar
como passa a mão e o rio
que lavaram teu cabelo

Meu amor não tenhas mêdo
me dê a mnao e o coração, me dê
quem vive, luta partindo
para um tempo de alegria
que a dor de nosso tempo
é o caminho
para a manhã que em seus olhos se anuncia
apesar de tanta sombra, apesar de tanto medo
apesar de tanta sombra, apesar de tanto medo

segunda-feira, agosto 20, 2007

Apesar de




Estou tentando ler essas palavras e escrevê-las em mim, apesar de...
Tinha feito alguns planos de novos caminhos, novo caminho,acreditava cimentar novo chão.
No entanto os 5 minutos que rebobinou a fita do filme, como se de repente, o espelho se rachasse sem mais nem menos.
Estou lendo Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres de Clarice Lispector .Lóri tenta se construir, Ulisses a quer, mas só quando estiver pronta, quando ela não mais se apresentar como Lóri e sim, “meu nome é eu”.
Tentava dar o primeiro passo para o meu eu e pra onde foi esse eu?
Apesar de, diz Ulisses à Lóri. “Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi criadora de minha própria vida.
Não quero me estancar frente a angústia que sinto, parece-me que estou caindo num buraco, sem fundo, sem possibilidade de me segurar e na verdade queria um buraco escuro e denso pra me esconder do mundo, covardia.
Quero um pouco de coragem e que as lágrimas limpem meus olhos para enxergar melhor, apesar de.
Deus meu Deus, tu que enxergas a história completa de nossas vidas, traz-me paz!

sexta-feira, agosto 17, 2007

Metrô, Leitura e algumas coisas mais...




Gosto de cantar no metrô, gosto de me maquiar as vezes no metrô e de ler também.
Maquiar e cantar as vezes causa certo estranhamento, principalmente aos paulistas certinhos, é muita contravenção! Talvez, talvez.
Ler no metrô já não causa tanto estranhamento, ainda bem.
Como disse no post anterior estou lendo Clarice Lispector Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, quem conhece Clarice sabe de sua complexidade, é pra ler, pensar. Me perguntaram o que estava achando do livro, respondi: Clarice é clarice...(rs).
Tenho descoberto, que a leitura depende do momento que vivemos, as palavras que nossa alma precisa saltam aos olhos, não são sempre as mesmas, numa segunda ou terceira ou tantas outras leituras.
Explico, quando li algumas páginas há um mês atrás,li com outro olhar, outras palavras me saltaram, hoje lendo, quase chorei, será que é permitido chorar no metrô? Confesso que já chorei algumas vezes, se alguém viu, disfarçou bem, lágrimas desconcertam não é mesmo, principalmente aos estranhos.
Coloco o trecho, muito mais para mim, para que não me esqueça dessas palavras, que pularam das páginas e fixaram-se em mim, na minha pele, feito aquele matinho que gruda na roupa,carrapicho, dizem que a idéia do velcro nasceu dessa plantinha.
Lóri: Não, não devia pedir mais vida. Por enquanto era perigoso. Ajoelhou-se trêmula junto da cama pois era assim que se rezava e disse baixo, severo, riste, guaguejando sua prece com um pouco de pudor: alivia minha alma, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão de que eu como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para pertar a minha, amém. (pág,56)

Depois de um dia...




Um pouco cansada,
Alminha querendo canção,
Lágrimas, quase por transbordar,
Ainda bem que sempre se tem canção,
Ceumar - SEMPRE VIVA

Prenda minha (Gero Camilo)
Prenda minhaTu me faz bem
Muito aquém do
que eu mereço
Mis eu desejo
Que esse bem assim
Feito água em pote
Faça umedecer um
Coração que sofre
Faça umedecer um
Coração que sofre

Encontros.


Um velório, corações partidos, encontro um pouco da minha identidade que anda perdida.
E penso, penso, das pessoas que passam por nossas vidas, por uma ou mais vezes e deixam marcas permanentes.
Conheci a Sônia através de um outro amigo Hannes, ela vinha a um Congresso em São Paulo e precisava de hospedagem, Hannes falou comigo, sem problemas. Morava no CRUSP. Sônia chegou. Sorriso e palavras fáceis, luz de Cristo.
Na caminhada da gente, depois da explosão de Jesus Cristo, daquela paixão intensa, na correria do dia-a-dia, no nosso egoísmo, vamos esquecendo da Luz, e a chama do candeeiro vai ficando fraquinha até que chega alguém e compartilha o fogo que lhe vai na alma.
Sônia para falar de Jesus e sua experiência com Ele, não titubeia, fala para qualquer um que queira ouvir, isso me encantou.
Bom, se passaram cerca de 8 anos desde que nos vimos da última vez.
Mas aí novamente nossos caminhos se cruzam e num momento que novamente preciso dessa chama e de receber a Cristo, ando longe da Igreja, sim, sinto Jesus Cristo, sinto seu amor, mas e meus amigos? Meus irmãos, longe, longe. Chega Sônia com sua mãezinha, irmã e irmão. Sua mãe enferma vem de Florianópolis, apesar de serem do Paraguai. O tratamento acaba não sendo em São Paulo e vão para Sumaré. Fé muita fé, D. Rita, mãe de Sônia tem um sorriso lindo, uma serenidade de dar inveja, ainda mais estando tão doente.
D. Rita foi uma guerreira, passou momentos difíceis e saiu da sala de cirurgia clamando vitória, mas dali alguns dia Jesus a ia chamar para estar com Ele.
Vejo os olhos tristes da família de Sônia e vejo também a mulher forte que ela é, com todos os questionamentos sobre a morte, seu coração não fraqueja em relação a seu amor por Cristo.
Das palavras de Sr. Gregório, pai de Sônia quero guardar, "Meu sentimento é que os conheço há muito tempo". Assim sinto também.
Meus irmãos, meus amigos.
Encontros, transformações!
Agora me veio a passagem em que Cristo se encontra com a samaritana: João Cap. 4 Vers.6 a 18: Jesus cansado senta-se junto de uma fonte. Aparece então uma mulher samaritana,(os judeus não conversavam com o povo samaritano. E ele lhe pede água, ela estranha. como aquele homem fala com ela. E esse encontro na Fonte é transformador na vida dessa mulher que havia tinho 5 homens e nenhum delas era seu esposo, Jesus lhe diz isso e ela se espanta. "quem é este homem?, que sabe de mim!"
Encontros, transformações!

Meninas no almoço




"Você pode me explicar o por quê da minha atração por cabelos brancos, eu acho um charme!"
"Porque é o que nos resta"!
Desabo a rir, "será que é verdade? Mas eu não tenho essa atração por todos os homens carecas, só alguns...(rs)"
Sim, estou envelhecendo...(rs)
Descemos mais um pouquinho a rua e vemos de longe Gabriel Levy, instrumentista maravilhoso que toca acordeon. Está na calçada todo de preto (cor que acho gosta por demais, pois sempre o vejo assim), come uma cocada, vamos indo, minha amiga pára e fala:
"Você se sente uma celebridade, quando você é reconhecido na rua?"
Ele olha pra gente e muito simpático: "De onde a gente se conhece?"
Ela explica que é o dos shows do Mawaca e eu digo que cantei com ele lá no SESC, ele é simpático, pergunta se o pessoal gostou e eu digo que DEMAIS!!!!Minha amiga diz que fez meu figurino, a gente ri mais...
Ele continua comendo cocada, nem percebo que ele come e fala ao mesmo tempo.., quem me disse isso depois foi minha querida amiga, detalhista que só... ´
Ele nos pergunta se trabalhamos por ali, dissemos que sim, mas nada artístico, trabalho burocrático e ele diz, estamos ali, contando história...
Eita, que privilégio ganhar a vida, tocando e contando história.
Eita vida besta a nossa.Mas como minha queridíssima amiga diz, "logo, vamos sair dessa vida e cair na vida de artista!"Que assim seja!!!!!

Das dores...




Cada um sabe bem da dor que lhe vai ao coração.
Mas há dores que simplesmente são tão profundas, sufocantes e transformadoras.
Acho que a dor da morte é algo que não tem nem o que se dizer. Tenho várias questões em relação à morte. Sou cristã e creio que Jesus Cristo entregou sua vida por nós, para que vivêssemos para sempre. E esta esperança é o que me conforta, porque querendo ou não, a aproximação da velhice, faz com que pensemos que um dia ela chegará.
Pensar, no entanto, na perda de pessoas muito próximas e queridas nos traz algo estranho e sempre queremos afastar essa idéia da cabeça. Acho que a morte de alguém querido, nos faz morrer um pouco também, assim senti quando perdi minha avó.
É você olhar para os olhos de quem está se indo e olhar através do espelho e não querer que aquela pessoa vá pro lado de dentro dele.
Essa semana está sendo muito triste, tenho sentido a dor de amigos que perderam, uma a sua mãezinha e outro o seu pai. Choro o choro junto com eles, só que sei que essa dor não é nem um grãozinho de areia se comparado ao areial que cai sobre eles.
Ouvir suas vozes dolorosas, me partem o coração.
E penso em Deus, o que Ele pensa sobre a morte? Sobre as lágrimas derramadas por essa dor...
Jesus também chorou a morte de Lázaro e penso na dor que sentiu...como foi essa dor, Ele o ressuscitou! são tantas questões sem respostas.
Que essas lágrimas, não inundem demais o coração de meus amigos!

Deixo um poema de Cecília Meireles

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

quarta-feira, agosto 15, 2007

A cebola




Alguns vão achar horrível, mas eu sempre gostei muito de cebola. Antigamente, eu pegava a cebola crua e passava um salzinho e Hummmmmm!!!
Eu tenho uma história curiosa com cebola, umas coisas que a gente faz e não entende bem por que. Eu digo que a gente falha, ou mesmo em mineirês, "faia", porque não é possível.
Nós morávamos num cortiço no Bairro da Estação da Luz, naquela época um pouco mais "residencial", fazíamos nossas compras na quitanda do Sr. Osório, um homenzinho baixinho, gordinho, com um oclão, pegávamos o que precisávamos e pedíamos para anotar e ao final do mês minha mãe ia lá acertar o devido.
Bem, meu pai, trabalhava em um Hotel ao lado de onde morávamos, então, lá acabava sendo uma extensão de casa, pelo menos no período noturno que era quando meu pai estava lá.
Um dia, minha mãe pediu para meu pai comprar frutas para a gente e fui eu com ele, escolhe fruta daqui, dali, e eu vi a Cebola, hum, adoro, cebola, ai vou pegar uma para mim, aí veio a "faia", peguei escondidinho e pus debaixo da camiseta. Ninguém viu, ai, vou pra casa.
Frutas nos pacotes de papel, e uma cebola junto. Normal não é. Uma única cebola no meio das frutas.
Minha mãe, nada boba, viu a cebola, estranhou, que cebola era aquela e eu o que digo? Peguei.
Pegou? Peguei. "filha, você queria cebola, deveria ter pedido para o seu pai", Agora volta lá e devolve",
Ai, ai, que vergonha! E agora o que digo???
Agora aguenta, devolvi a cebola, o que disse certinho eu não sei. Mas morri de vergonha e nunca mais me esqueci dessa história.
Minha mãe, me deu diversas broncas, ela sempre foi muito correta e brava, mas não me lembro dos motivos das broncas e palmadas, mas este dia, em que imaginava que iria apanhar a beça, minha mãe calmamente me deu uma bela de uma lição!
Gente eu não pego cebola, nem mais nada escondido não viu...(rs)!!!

terça-feira, agosto 14, 2007

Jazz ao Meio Dia





Nada como um almoço regado à boa música.
Uma das coisas boas de se estar no meio do símbolo Capitalista é ter tudo por perto, inclusive, cultura, livros e boa música e de graça então, nem se fala.
Hoje na hora do almoço fomos à Livraria Cultura ver Tito Martino e Banda, Jazz tradicional e histórias gostosas de se ouvir.
A única coisa que faltou era estar vestindo aqueles vestidos justíssimos, uma piteira enorme (chiques demais!!)(e eu nem fumo)(rs), o cabelo cortado bem curto, tipo chanel, um rapaz vestido de terno, chapéu e aquele charme (nossa!!), aí o cenário estaria completo, claro com a aura meio esfumaçada (acho que vejo filme demais!!) (rs).
Um almoço assim, faz a alma ser lavada! Mudar a cor do dia que estava meio preto e branco e de repente vai se jogando tinta nesse quadro e formando desenhos surpreendentes.
O que mais gostei foi a história sobre os Funerais de New Orleans, em que uma big band vai atrás até o Cemitério tocando um spiritual bem sentido e na saída do cemitério, toca-se algo mais alegre, porque claro tem que se celebrar a vida e de algum modo temos que prosseguir.
Acho que quero assim meu funeral, com muita música, agora difícil vai ser o repertório, já pensei em Oblivion com Astor Piazzola, El Condor Pasa, Lucio Yanel e Yamandu, enfim, quero gente cantando, entoando poesia, quem sabe jazz, cantoria A Capella.
Conhecer sobre improvisação também foi fascinante é como um diálogo, um, complementando o outro, como se dissesse assim, Te dou isso aqui, tá vendo é carinho, é melodia, e o outro, muito obrigado, recebo e te dou isto...Ai, como é bom ver gente amando música e dando um pouco desse amor pra gente.
Eu quero mais e pra quem quiser também, as sessões do meio dia recomeçam no dia 04 de setembro na Livraria Cultura a partir das 12h30.
Aproveito para deixar a música que mais me tocou...

Just A Closer Walk With Thee

I am weak, but Thou art strong;
Jesus, keep me from all wrong;
I'll be satisfied as long
As I walk, let me walk close to Thee.

Just a closer walk with Thee,
Grant it, Jesus, is my plea,
Daily walking close to Thee,
Let it be, dear Lord, let it be.

Through this world of toil and snares,
If I falter, Lord, who cares?
Who with me my burden shares?
None but Thee, dear Lord, none but Thee.

When my feeble life is o'er,
Time for me will be no more;
Guide me gently, safely o'er
To Thy kingdom shore, to Thy shore.

COMPLEMENTO: eu não sabia qual era a música com certeza, então mandei um e-mail para o Tito Martino e olha que fofo:

Olá Cristiane

grato pela apreciação. Este é um "Spiritual", também chamado
"Negro Spiritual", cantado até hoje em templos protestantes dos
Afro-americanos.
abraço
Tito


Just a Closer Walk with Thee

Just a Closer Walk with Thee,

grant it Jesus if you please.

Help me walking close with Thee.

Let it be dear Lord, let it be.



I am weak, and Thou are strong,

keep me Jesus from all wrong.

I’ll be satisfied as long,

as I walk dear Jesus close with Thee

Um causo sobre Educação




Como estou imersa em apostilas, debates, estudos educacionais, não tem como, tenho que falar mais sobre educação.
Então vou contar um causo que acho muito bonitinho e emocionante sobre minha mãe. Minha mãe iniciou seus estudos lá na roça, quando morava com sua avó. No primeiro dia que minha mãe voltou da escola, ela queria que já pudesse ler uma carta, olhou para minha mãe e disse "você não lê, como asssim, você não está indo para a escola"?
Para continuar seus estudos minha mãe teve que mudar para a cidade, foi morar com uma tia e claro, minha mãe tinha que "pagar" de algum modo sua estada. Trabalhava como uma condenada, levantava de madrugada para varrer todo o terreiro, enorme, cuidar de toda a casa e ainda cuidar de um bando de crianças. Cuidar significa, carregar no colo e não ter tempo nem de ir sozinha ao banheiro. Fora algumas "palmadas" de vez em quando. Bom, entre uma tarefa e outra, ir à escola, minha mãe nunca gostou muito de estudar, no entanto, não sobrava muito tempo para se estudar em casa. Minha mãe repetiu três vezes a terceira série e já estava uma mocinha em meio às crianças, quando uma professorinha, recém chegada da capital, muito bela e novinha, disse que iria tirar minha mãe da terceira série. Falou para minha mãe, "Olha depois do almoço, você vai lá pra casa, para você estudar comigo". E assim foi, minha mãe almoçava, terminava rapidinho suas tarefas e ia estudar. E aí entra o afeto, alguém que olha para minha mãe, enxerga suas dificuldades e se envolve e muda o seu destino.
Minha mãe, quando foi visitar sua avó na roça, lhe pediu um presente, não para ela, mas para a professora e que bem precioso minha avó teria para dar à professora, uma galinha. E assim minha mãe escolheu uma e levou aquilo que pagaria a jóia que a professora lhe dera, conhecimento, afeto, um olhar.
Em meio a tudo e o mundo, onde está o nosso olhar em cada coisa que fazemos.
Em gestos simples se transforma o mundo!

segunda-feira, agosto 13, 2007

Educação




Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar."
Este era o pensamento de Paulo Freire. Homem que sonhou, discutiu, "pelejou" por uma mudança na educação.
Me formei em Letras, mas nunca me aventurei a entrar em uma sala de aula. Amo estudar, amo escrever, amo discutir literatura. Ando querendo me tornar professora e olho para as pessoas e pergunto "Será que dou conta?" Vejo, professores desmotivados me olhando de soslaio. "Você tem certeza que você quer entrar nesse mundo da educação?" Certeza não tenho, mas sinto que tenho o dever de tentar retribuir aquilo que recebi, no mínimo.
Se serei uma boa professora, não sei, mas quero tentar, sinto que anda me faltando plantar, jogar sementes, e quem sabe ver brotar, nem que seja apenas uma planta. O trabalho burocrático não me faz sentir que faço a diferença. Se farei como professora, aí... é como o pão que se sova e põe no forno, vai crescer?
Nessa minha caminhada pró-professora, uma cena vai ficar guardada, contava para alguns amigos que ia fazer o concurso da prefeitura, uma amiga, a Célia, não me disse nada, apenas sorriu e me abraçou!!!
Coragem, Coragem já dizia um dos mestres que respeito, Benê, grande Benê!Me ensinou a não ter medo de arriscar e ainda um outro professor que sempre dizia, no seu jeito tranqüilo de ser, cabelos branquinhos, ensinava Geografia, plantava fé e dizia '
"FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBOA"<

sexta-feira, agosto 10, 2007

Pai


Tenho poucas histórias com meu pai, as que tenho foram contadas para mim ou são alguns fragmentos que ficaram guardados, não entendo bem por que.
A história de amor de meus pais é feita de um acaso. Minha mãe, veio para São Paulo muito cedo, com quinze anos para trabalhar de doméstica. Naquela época era muito fácil se arrumar emprego, bastava você se apresentar e já estava empregada. Num desses empregos, a patroa de minha mãe a acusou de roubo e simplesmente no meio da noite a mandou embora, sem lhe pagar nada. Minha mãe, então, totalmente só, saiu pela rua chorando, nisto havia um casal em um taxi, que lhe perguntou o que havia acontecido, ela lhes contou a história e lhes disse que não tinha para onde ir. Eles lhe ofereceram lhe levar para um hotel, bom, isso não foi lá muito fácil, minha mãe era menor de idade, os hotéis não aceitavam menores, bem, onde minha mãe foi parar, no hotel onde meu pai trabalhava, minha mãe, disse que meu pai era muito carrancudo,disse "fica ai". Minha mãe ficou essa noite, voltou tantas outras em que ficou desempregada, foi ficando até que eles foram ficando juntos e aí eu vim ao mundo. Minha mãe disse que quando perguntou para o meu pai que nome iam me dar ele disse "ah, Sebastiana, Benedita, bom ainda bem que minha mãe foi mais sensata e me deu o nome de Cristiane.
Minha avó me contava, que meu pai, quando voltava pra casa depois de uma noite trabalhada, me colocava no colo para almoçar com ele, bem eu enfiava a mão no prato dele, minha avó queria me tirar e ele dizia" Deixa, deixa". Uma vez, acho que dormi junto com ele, e simplesmente "descobri" o cigarro no seu bolso e claro, enfiei tudo na boca e mais cuspi do que comi, ainda bem...Uma história que meu pai gosta de me contar é que eu pequetita, de perninha grossa, ele me mandava ir buscar pinga no copo (nada educativo isso), mas...(rs), lá vinha eu, tombando, deixando mais cair a cachaça do que trazer e aí meu pai me dizia, "ei filha, cuidado", aí eu dizia "é pro Santo pai", menina sabida de vocabulário de boteco, também pudera, meu pai vivia comigo nos botecos que ia, eu adorava tomar a espuminha da cerveja dele, uma vez minha mãe me contou que meu pai jogava sinuca e eu queria participar do jogo, tirei uma das bolas, ai pra que, levei uma tacada no popo...mas cê acha que não ia contar pra minha mãe, e ai eu começava assim "Sabe mãe, o pai, parou com o carro e lá vinha os detalhes.Lembro dele me levando para a escola de fusca branco, me dando dinheiro para voltar de ônibus, ele me levando para passar uns tempos na casa dele e eu futricando coisas para a mulher dele. E isso me faz lembrar o dia em que ele ia se casar, minha mãe coitada, pediu para minha avó me levar até ele, acho que com a esperança que ele desistisse de casar e eu sem saber direito porque chorava, chorava...e ele foi. Até hoje,sempre que encontro meu pai, tenho a sensação de despedida,um aperto, do que poderia ter sido, ter tido meu pai sentado à mesa com a gente, me acompanhando nos estudos, ou simplesmente aqui com a gente.Tenho 2lembranças de nós três juntos, eu, minha mãe e pai,pequenininha, quando fomos ao zoológico e ele me comprou uma sombrinha de papel, que no mesmo dia destrui abrindo ela na chuva e aos meus quinze anos, na sala de casa, ele tirou um saquinho com uma corrente e pulseira de prata me entregou dizendo que para ele eu ainda era a sua menininha e nós três choramos feito criança.
Sabe Pai, eu tenho muita saudade de você, é uma saudade que não entendo bem,se é do que foi, do que seria, eu tenho um amor muito grande por ti, nesse dia, não pude te abraçar,não pudeencostar minha cabeçano seu peito para receber seu cheiro ( é o cheiro mais gostoso do mundo, que me traz o nordeste inteirinho), nem mesmo pude ouvir sua voz, mas sei que você está aí, está aqui em mim, nos meus traços, naquilo que você me deu...ah Pai, TE amo muito, muito mesmo. Esta foto tiramos na primeira posse do Lula...sou grande, mas ainda sou menina quando estou perto de ti!

Pequenos Milagres


Que tal você com 11 anos ter que sair da cidade de Desmantelo do Norte para vir à São Paulo, na praça do "Zé", com uma cabeça de cachorro para levar à "Violência Sanitária".
"Cabeça de Cachorro" é uma das 4 histórias que o Grupo Galpão está em cartaz no SESC Consolação.Os textos da peça foram selecionados na campanha Conte sua História, que o Grupo Galpão realizou em 2006, especialmente para criar o novo espetáculo.
A campanha alcançou pleno êxito recolhendo cerca de 600 histórias (via cartas e e-mails) provenientes de várias partes do país. Desse total, foram pré-selecionadas, pelos atores, o diretor e o dramaturgo, Maurício Arruda Mendonça, as 50 que mais representavam o cotidiano das pessoas. Após vários workshops, chegou-se às quatro histórias que compõem o texto final da peça.
Bom, não conhecia o trabalho deste grupo teatral, o que mais me tocou foi a sutileza dos gestos dos atores, assim como os objetos são representativos nas cenas. Uma das histórias O Vestido, a atriz passa da meninice à vida adulta de uma maneira nunca vista, é uma cena simples e tocante. Agora um verbo que adorei foi "penabundeei" (rs), sem dizer o dono do brechó, que é hilário. Casal Náufrago, os atores, passam sua mensagem na lentidão de seus corpos. Os pequenos milagres é descobrirmos um pouco de nós em cada personagem, com nossos dilemas pelas escolhas que fazemos e como diz o cego "Quer um caminho, João", Pega o Caminho João, "Você tá com medo João, você tem que fazer seu caminho João". Sim, somos João à procura de um caminho e com medo do desconhecido, mas no final a gente pode sempre Dizer "GOSTEI DE MIM"
Vale a pena assistir
PEQUENOS MILAGRES
Às quintas-feiras preços especiais: R$ 20,00; R$ 10,00 (usuário matriculado); R$ 5,00 (trabalhadores no comércio e serviços e dependentes) / Sextas, sábados e domingos: R$ 30,00; R$ 15,00 (usuário matriculado e dependentes). R$ 7,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes).
De 02/08 a 26/08. Quinta a sábado, às 21h/ Domingo, às 19h

Dor elegante!



Itamar Assumpção,
Confesso, há descobertas que acontece pelo acaso, lembro-me de como conheci Itamar Assumpção, num show em homenagem à ele, logo quando se recuperou da sua doença. Vários artistas, Zélia Duncan, Ná Ozzetti, Cássia Eller ( depois pensei, Itamar se recuperando de uma doença grave, e ela nem imaginava, que deixaria o mundo antes dele) e o artista que me levou até lá, até então era apaixonada por ele: Zeca Baleiro (esse não foi), mas conheci algo mais precioso, a canção falada, contada, até então conhecia Luiz Tatit, mas e o mestre, Itamar Assumpção, que voz, forte, que letras...
Gente, como pode termos tantos talentos e estes ficarem por aí, escondidos em pequenos cantos, em alguns lugares, para alguns "privilegiados", assim diz José Miguel Wisnik "Pérola aos poucos", é triste isso, mas sei lá de repente, compartilhando a gente traz mais gente pra esse grupo.
Deixo essa letra que na voz de Zélia Duncan e Itamar, não tem nem o que comentar é ouvir, fechar os olhos e ir pra lá, ou quem sabe cá, se transportar pro oceano, devagarzinho, ou quem sabe ver o pôr do sol, simplesmente sentir!

Dor Elegante
Itamar Assumpção - Paulo Leminski
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
Andasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

Ela é tudo que me sobra
Viver vai ser a nossa última obra

De príncipes e sapos

A gente sempre espera um príncipe. Daqueles que sejam fortes, mas que ao mesmo tempo seja romântico,daqueles que mandam flores, ou mesmo da música do Erasmo "você precisa é de um homem pra chamar de seu".
E de repente a gente encontra, se apaixona, mas o tempo vai passando, a armadura vai caindo, ele vai ficando mais nebuloso, você dá uns retoques, mas a pintura vai indo embora. Aí quando você vê, você está com os pés na lagoa, olhando pra um sapinho, até que bonitinho, ele coaxa, você dá beijinho, mas ele sempre sapo.
Gosto da Céu e da música que ela fala de príncipe sapo, "tome tento fique esperto, príncipes de plantão" (rs)!
Falando em Céu, além dessa voz menina e segura, ela é muito simpática, fui a um show em que ela não cobrou nada por ele, era a abertura de um Festival de Curtas no Centro Cultural São Paulo, ela canta muito bem!!!! Um dia quem sabe, quando crescer, serei como ela.
Essa música tem swing..

Lenda

E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante,
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe.... volta ao seu posto de lenda
(
Seu nome na boca do sapo
Sua boca, ah, ah, ah

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim

Seu nome na boca do sapo
Sua boca, na minha
O resto é boi dormindo,
História errada de carochinha




Prisão das ruas





Nada como revirar nossos arquivos musicais, de repente descobrimos uma música que já havíamos escutado mas que nos passa despercebida. Essa música veio me cair na alma é o que sinto, sinto, sinto. Mas gritar pra quem? Essa música é uma balanda tão gostosa, que vou indo com ela.
Eu gosto muito do Ira,Edgard Scandurra além de um guitarrista talentoso escreve letras marcantes e a interpretação de Nasi é sempre única.
Então aí vai, minha descoberta de Hoje.

Prisão Das Ruas (Edgard Scandurra)

Momentos silenciosos, foram aqueles
Em que eu e você, ficamos nos olhando, a sós
Momentos mágicos, onde eu esquecia
Da realidade da minha vida, do meu dia-a-dia
A paz do meu espírito, em doses homeopáticas
Podia ser mais, mas eu sei que é só isso
Eu insisto
Eu confesso...eu não presto, mas existem
Momentos silenciosos, foram aqueles
Em que eu e você, ficamos nos amando, a sós
Seu rosto, seu sorriso
Sua pele, sua musicalidade me acalmavam (doce ópio)
Na fila dos bancos
No trânsito confuso
Ouvindo o rádio em qualquer estação
Preparado para a prisão, das ruas
Prisão das ruas (é isso aí)

Sôdade




Uma das coisas que gosto de fazer é cantar. Sinto que essa é uma coisa verdadeiramente minha, que faz parte de mim, que me dá paz, que me faz feliz!
Eu no entanto, não sabia com clareza disso, até o dia que fiquei sem voz.
E isso no momento muito importante para mim, quando faria o meu primeiro solo.
Canto no SESC há um tempão, já tive diversars experiências, com nomes da nossa música brasileira que não sonhava nem chegar perto: a minha primeira experiência foi com Carlos Fernando, cantor de jazz de um antigo grupo chamado Nouvelle Cousine, a segunda e uma das mais marcantes foi com Antonio Nóbrega. Esse, infelizmente tivemos pouco contato musical, ele chegou em cima da hora da apresentação, mas já valeu pela minha carinha que parecia ter sido arrebatada para o céu.
Depois teve a Mônica Salmaso, delicadeza, tranquilidade que transbordam na voz, que nos leva pro céu.
Vírginia Rosa força, presença de palco, essa diz qwue veio, vem e deixa sua marca.
Grupo Vésper vocal, trabalho de aprendizado, que nos faz pensar, "ei tenho muito chão, pra chegar lá".
E este ano nosso convidado seria o Mawaca, outro grupo que sempre tive vontade de cantar, com seus instrumentos, com a energia das meninas, as diferentes sonoridades do mundo, tudo isso era desafio.
Bom, voltando à minha voz, além do meu desafio de cantar sozinha, era uma música que me tocava particularmente, pois faz parte do Folclore Mineiro, Minas, minha terra postiça, de poesias, de encantamento, de Guimarães Rosa, de Carlos Drummond de Andrade.
Só que praticamente 2 semanas antes da apresentação, ronquidão total, a tentativa de cantar, a voz simplesmente não saía, desespero, e agora, o que mais amava eu iria perder?
Corri para o otorrino, passou antibiótico, anti-alérgico, bem problemas nas cordas vocais, não era. ufa, alívio.
Remédios por 1 semana e nada de melhorar, só um pouquinho, e a tendência era piorar, pois tinham ensaios e soltar a voz que não saía, o impacto psicológico, tudo isso prejudicava ainda mais.
Voltei ao Doutor, "Por favor me dá uma injeção", "Já te dei remédio, não sou Deus", Pegou uma folha branca, escreveu um número de celular com um nome, "Procura por ela, ela vai fortalecer suas cordas vocais"
Vamos lá, choradeira para a fono, "Vamos nos ver na segunda-feira, "Ok". A moça era boa, dedicada, papel na mão, "dieta de emergência", para cantoria. Mamão, soro 3 vezes ao dia no nariz, inalação, exercícios de assustar vizinhos 9sempre feitos ou de madrugada ao deitar, ou logo pela manhã. Tudo feito meticulosamente, pra cantar.
Dia da apresentação chegando, voz melhorando só um pouquinho. quinta-feira, Moça não tá melhor de tudo não". Ela diz pra me tranquilizar. "Espera que vai melhorar", Domingo, dia da apresentação. Será que vou dar conta? Eu me pergunto, minha mestra pergunta. Me calo, vou tentar. Nervosismo, teatro lotado. Vou cantar, olho pro céu, peço ajuda a Deus, "Pai, eu preciso desta experiência". Senão morro, e quem sabe pra sempre. "Não deixa meus fantasmas me tomarem.
Silêncio, me aproximo da ponta do palco, seguro minha echarpe - Lá vai:
Caiu um cravo do céu, sôdade
De tão alto desfolhou, ai sôdade
quem quiser casar comigo, sôdade
vai pedir quem me criou, ai sôdade
Quem quiser moço bonito, sôdade,
Põe um laço na parede, sôdade.

As primeiras estrofes em que começo sozinha, tremi um pouco a voz, mas quando meus amigos, companheiros de cantoria, entraram ao spoquinhos com suas vozes, vocalises, nossa eu pensei, agora posso ir, eles estão comigo.
é muito bom cantar em grupo, se sentir amparada, e foi lindo demais esse dia.
Os abraços, aqueles que torceram por mim e o melhor o meu Deus, que me ama, terminamos a música e olhei para o céu, ´só Ti Senhor podia me dar este presente, com tanta força e impacto, só confiar um tiquinho que seja.

Tim Robbins


"Este homem é lindo". Logo que assiti ao filme “A vida secreta das Palavras” (The Secret Life of Words / La Vida secreta de las palabras), foi o primeiro pensamento que me veio à mente.
Ele realmente é Lindo, um personagem maravilhoso, o homem que boa parte das mulheres gostaria de "trocar umas palavras" (rs), sensível, bem humorado, inteligente, carente e solitário. Fui pesquisar mais e então descobri que ele também fez - Sobre Meninos e Lobos - (O assassinato de uma garota faz com que um amigo de seu pai passe a investigar o caso, precisando desenterrar segredos do passado para revelar quem foi o autor do crime. Dirigido por Clint Eastwood (Os Imperdoáveis) e com Sean Penn, Tim Robbins, Kevin Bacon, Laurence Fishburne, Laura Linney e Marcia Gay Harden no elenco. Vencedor de 2 Oscars

Daí se percebe um grande ator, porque nem de longe se vê a Marca de Josef em
Dave Boyle e vice versa.
Agora sortuda é essa Sarah Polley, pois trabalhou em dois filmes dramáticos, no entanto, românticos, com dois homens que me encataram, em Minha vida sem Mim o ator que me apaixonei é Mark Ruffalo, ai, ai, eu quero um pra mim...(rs), a cena do carro, com o jazz lá no fundo de trilha, acredito que é de Blosson Dearie e que ela grita, debaixo da chuva, que lindo!!! Eu queria aquela cena pra mim! (rs).
Em A vida Secreta das Palavras, não se encontra também nada da An, em Hanna, cabelos diferentes, postura totalmente diferente, enfim uma grande atriz.
De verdade mesmo, A vida Secreta das palavras, é um filme que toca, no coração, na alma, naquilo que não enxergamos, mas que está aí no mundo, as dores da guerra, as dores das almas machucadas.
Uma mulher introvertida vai passar férias em um pequeno povoado, próximo a uma plataforma de petróleo. Até que um incidente faz com que ela permaneça alguns dias na plataforma, cuidando de um homem que sofreu várias queimaduras. Dirigido por Isabel Coixet (Minha Vida Sem Mim) e com Sarah Polley e Tim Robbins no elenco.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Flores!


No dia em que me perdi de mim, comprei um vaso de azalea,pequenino, colorido. Na verdade minha alma cheia de inverno, com flocos de neve e cinza, queria um colorido.
Olhei para ela e percebi que ela também era uma metáfora de mim.
me sentia desamparada, jogada num canto e pensei, se deixasse aquela plantinha de lado ela morreria sem água, iria murchando, murchando e então não resistiria.
pensando na minha azaléa vinha pela paulista e pensava em Deus, ele criou a terra, criou os animais, criou as plantas e criou o homem e estava tudo perfeito e então criou uma mulher pra ser sua ajudadora e companheira.
As plantas, os animais não podem se alimentar sozinhos, dependem; do alimento que alguém lhe dê,do sol que brilhe, da chuva que caia, aí eu pensei nas árvores, quando pequenas, são frágeis, mas se cuidadas com carinho, criam raízes, seu tronco se fortalece e ela cria sombra.
Pensei em nós humanos, como é difícil viver a solidão, é como o desamparo da plantinha, da pequena, que precisa de água, de sol e quem sabe um pouco de conversa.E aí penso em Deus, que nos dá o sol, nos dá anjos, nos dá amigos, mas queremos mais. É melhor ser dois que ser só, pois se um cair o outro o ampara.
Ah, acho que me sinto como aquela florzinha do pequeno príncipe, ele cuidava dela, era só ele e ela naquele pequeno planeta, mas aí o príncipe achou que era muito pouco, era muito chato e deixou a florzinha, conheceu vários planetas, cativou a raposa, mas quis voltar, mas e a pequena flor, será que sobreviveu a esse inverno, prefiro acreditar que sim!
Olho pra minha azaléa, olho pra mim. Acho que vou jogar um pouco de água nas duas.

Febre, cama e família


Febre, cama e Família

Acordei com a cabeça dolorida, o corpo moído, a alma fervendo. Que dor
aquela, que me impedia de sair da cama. Sinto que há olhos aqui embaixo, na
gaveta da cômoda, no armário fechado.

Desço minha cabeça devagar, levanto a ponta da coberta, o vento que entra me
causa um arrepio. Na verdade, morrer deveria ser assim, uma maciez de
edredon, quentinho como o útero da minha mãe, é, edredon deve ser a
metáfora das nuvens do céu, um anjo lindo nos carregando nos braços e nos
fazendo afundar entre as nuvens, ai, delírio demais, acho que a febre está
fervendo meus miolos.

Não, embaixo da cama não tem olhos, algumas folhas de papel de presente do
último aniversário, pois é, crer que se pode ganhar mais presentes,
crendices que nos fazem felizes, papéis com histórias.

De repente, ouço um som que vem da cozinha, uma voz fininha, cheia de por
quês, pensar que esse tempo também foi meu, esses por quês provindos de uma alma
simples, cheia de sementes querendo florescer, uma outra voz dizendo "porque".. e dizendo "vamos levar o café da mamãe?", consigo visualizar com meus olhos fechados, meus dois amores preparando o café da manhã
Que olhos mais preciso senão a luz desses que me dão o norte!

Febre, cama e família, tudo que precisava pra acordar pra vida!
Meus olhos agora enxergam através de olhos grandes e de pequeninos que irão crescer.
Não preciso de mais nada.

Me deu saudade de escrever. Comecei a reler minhas postagens e aí percebi, como as palavras são minhas amigas. Não estou, nem sou tão vazia. Escrevi esta pequena "crônica" será que pode se chamar de crônica, conto, delírios, sei não, de uma pequena frase que ouvi "Febre, cama e família" e aí saiu isso, não sou tão talentosa, pra iventar uma história que não tenha a ver comigo, pois é, nossas histórias nos parecem interessantes, pra quem lê? diz aí...!
Nas minhas releituras achei o poeminha abaixo que "dialoga" (chique né) (rs) com o texto acima. Backtin vai se revirar no túmulo usando o termo dialogismo pras minhas brincadeiras, eita...
Well, Well, Well Gabriel
Oito Anos
Já se foram
Outros tantos estão chegando,

Se pergunto
Quero saber
Tão miudinhas minhas questões,
Tão enormes meus heróis,

Não pedi
E bem que quis
Crescer
Mas agora pra onde vou?

Desenhar uma casinha
Papai, mamãe e a flor,
Nascer do sol,

Já se foram
Oito anos
E tantos outros