quinta-feira, agosto 09, 2007

Febre, cama e família


Febre, cama e Família

Acordei com a cabeça dolorida, o corpo moído, a alma fervendo. Que dor
aquela, que me impedia de sair da cama. Sinto que há olhos aqui embaixo, na
gaveta da cômoda, no armário fechado.

Desço minha cabeça devagar, levanto a ponta da coberta, o vento que entra me
causa um arrepio. Na verdade, morrer deveria ser assim, uma maciez de
edredon, quentinho como o útero da minha mãe, é, edredon deve ser a
metáfora das nuvens do céu, um anjo lindo nos carregando nos braços e nos
fazendo afundar entre as nuvens, ai, delírio demais, acho que a febre está
fervendo meus miolos.

Não, embaixo da cama não tem olhos, algumas folhas de papel de presente do
último aniversário, pois é, crer que se pode ganhar mais presentes,
crendices que nos fazem felizes, papéis com histórias.

De repente, ouço um som que vem da cozinha, uma voz fininha, cheia de por
quês, pensar que esse tempo também foi meu, esses por quês provindos de uma alma
simples, cheia de sementes querendo florescer, uma outra voz dizendo "porque".. e dizendo "vamos levar o café da mamãe?", consigo visualizar com meus olhos fechados, meus dois amores preparando o café da manhã
Que olhos mais preciso senão a luz desses que me dão o norte!

Febre, cama e família, tudo que precisava pra acordar pra vida!
Meus olhos agora enxergam através de olhos grandes e de pequeninos que irão crescer.
Não preciso de mais nada.

Me deu saudade de escrever. Comecei a reler minhas postagens e aí percebi, como as palavras são minhas amigas. Não estou, nem sou tão vazia. Escrevi esta pequena "crônica" será que pode se chamar de crônica, conto, delírios, sei não, de uma pequena frase que ouvi "Febre, cama e família" e aí saiu isso, não sou tão talentosa, pra iventar uma história que não tenha a ver comigo, pois é, nossas histórias nos parecem interessantes, pra quem lê? diz aí...!
Nas minhas releituras achei o poeminha abaixo que "dialoga" (chique né) (rs) com o texto acima. Backtin vai se revirar no túmulo usando o termo dialogismo pras minhas brincadeiras, eita...
Well, Well, Well Gabriel
Oito Anos
Já se foram
Outros tantos estão chegando,

Se pergunto
Quero saber
Tão miudinhas minhas questões,
Tão enormes meus heróis,

Não pedi
E bem que quis
Crescer
Mas agora pra onde vou?

Desenhar uma casinha
Papai, mamãe e a flor,
Nascer do sol,

Já se foram
Oito anos
E tantos outros

Nenhum comentário: