sexta-feira, setembro 30, 2005

O mundo vai mal e mau!

Nunca tenho certeza no uso desse termo, mesmo ao consultar o dicionário: Mau a- menino mau - nocivo prejuciial, ruim, que não cumpre seus deveres, rude, mau. Mal, tratar mal, contra a virtude, o bem, a justiça.
Mas vendo " O jardineiro fiel" de Fernando Meirelles, nosso cineasta que se destacou em Cidade De Deus, e que agora se tornará conhecido no mundo todo, dirigindo o ator do Paciente Inglês, é nas palavras de Cláudia (jornalista da Folha de São Paulo) "é um soco no estômago".
A temática do uso de cobaias humanas, no caso os africanos, que sem opção alguma se deixam ser usados para experiências com novas drogas para que possam obter atendimento médico.
A fotografia do filme é impecável, o colorido, as cores, só cansa um pouquinho quando a câmera balança demais, na correria e claro dá pra perceber a assinatura de Meirelles em várias cenas, algum diálogo com as cenas de Cidade de Deus.
Além da temática da indústria farmacêutica muito sutilmente é tocada a questão social, o abandono de um povo, o silêncio e as guerras entre tribos enfim algo que ocorre no "fim do mundo", onde nossos olhos os olhos do mundo não quer enxergar.
E então nos deitamos em nossas camas fofinhas, com a "boca escancarada de dentes" (citando Raul)vendo a vida passar e nos confins da terra, negros famintos, jogados em hospitais sem assistência nenhuma, no deserto sendo subservientes ao homem branco, cvom uma resignação de devoção, "bWana", ah me fez lembrar, "em lugar nenhum da áfrica", me fez lembrar meus antepassados negros, vindo em navios negreiros para essa terra estranha "Brasil", trazendo o canto , o "banzo", que as vezes sinto pulsando na minha veia...
São diálogos, é nossos olhos querendo enxergar apenas as pequenas coisas, que pra nós são monstros e as grandes, essas ficam enterradas, bem lá no fundo do baú.
Houve um debate ao final da exibição sobre a quebra de patentes na indústria farmacêutica, como a cada dia e rapidamente são lançadas novas drogas com o mínimo de diferença e eficácia entre elas e tão caras, como é possível conceder patentes por 20 anos, lucro, lucro, lucro. É o tal do capitalismo gritando, e quem sabe se a morte não vem chegando! E o dinheiro, o ouro enferrujando. Foi duro, ouvir de alguém nas entrelinhas as justificativas da patente (do lucro), já que o governo não investe na produção de medicamentos em seus laboratório próprios, o indústria farmacêutica investe e claro quer retorno. fui embora. E com um peso no coração!
A conspiração é global, diz o cartaz de divulgação do filme.
Fernando Meireles estava lá também, disse que um contador de histórias e que contador!O filme não é cansativo e sabe prender.,..
Como nosso mundo poderia ser diferente? Alguém teria a resposta?

Um comentário:

osvjor disse...

não sei, não... mas achei o filme um pouco artificial... como "Crash"... como se alguém tivesse pensado: "vamos colocar todas as mazelas em série e botar a culpa nos de sempre, os tubarões capitalistas, destacando o papel heróico de ONGs e ativistas". como o diretor e os atores são talentosos, isso é disfarçado um pouco e o filme até entretém razoavelmente, embora não deslanche em nenhum momento. Bom, é só uma opinião... felicidades